A problemática e os desafios atuais da cidade integram as discussões do IX Encontro Internacional Saber Urbano e Linguagem: Escrituras da Cidade, realizado no auditório da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) e promovido pelo Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb). A coordenadora da Cocen, Ana Carolina de Moura Delfim Maciel, abriu o evento na manhã desta terça-feira (6), que prossegue até a próxima quinta-feira (8). O professor Eduardo Guimarães foi o presidente de honra deste encontro e fez a conferência de abertura. Veja a programação.
O encontro é dirigido a alunos de graduação e de pós-graduação e a pesquisadores de mais de 17 Estados brasileiros e de outros países. “São 300 participantes dentro de um marco importante para o nosso núcleo, a comemoração dos seus 25 anos de criação”, informa Marcos Aurélio Barbai, pesquisador do Labeurb e um dos organizadores do evento.
Segundo Marcos Barbai, a escritura produz uma cidade e a faz acontecer. Faz pensar como os nomes dela acontecem. “Todas as vezes que colocamos questões da vida urbana, das relações pessoais, das pessoas na cidade, isso necessariamente implica a questão da linguagem, da escritura ou das escrituras.”
O pesquisador indaga como é que as questões da cidade vão aparecer “nessa relação com o traçado, com o que se pretende fixar com a escrita, mas que nunca se fixa, porque sempre vai faltar algo?". Ele mesmo responde: "Propomos um instrumental e um trabalho das ciências da linguagem, com a Análise do Discurso, para produzir essas reflexões urbanas".
A pesquisadora e coordenadora adjunta do Labeurb, Cristiane Dias, também da organização do evento, afirma que o objetivo desse encontro é colocar o público em contato com as formas de escrituras da cidade. “Quando andamos por ela, escrevemos a cidade; ao mesmo tempo em que o sujeito se inscreve, ao fazer seus percursos. Ele escreve e desenha a cidade, tanto no espaço urbano quanto no espaço digital.”
O evento possui três eixos temáticos: o capitalismo, o laço social e o laço digital, que fornecem questões muito importantes para refletir sobre a cidade, essas formas de se escrever a cidade e de se pensar um espaço que também é capitalista, regido pelo que é mercadológico e que também forma laço entre os sujeitos, realça a pesquisadora.
Ela lembra que hoje em dia as pessoas andam pelas cidades através dos aplicativos. Elas traçam antes um percurso através do Waze e do Google Maps para então fazer esse percurso presencialmente. "Essa é uma forma de escritura digital da cidade. Logo, pretendemos mostrar que a escritura não é só o gesto de escrever, mas também é o gesto de se apropriar do espaço, de se inscrever no espaço. O escrever e o inscrever produzem essa textualização.”
Para Cristiane Dias, o espaço digital é hoje absolutamente significativo para exemplificar o que é a cidade, porque atualmente não se faz mais nada sem o digital, nem mesmo a locomoção. "Vamos ao banco, nos relacionamos, criamos laços sociais. Isso tudo também é atravessado pelos laços digitais e relevante para os processos de significação dos sujeitos e dos espaços. No momento, antes dos sujeitos se encontrarem pessoalmente, eles trocam mensagens", salienta.
Labeurb
O Labeurb é um núcleo de pesquisa multidisciplinar, centro de extensão e produção cultural criado em 1992. É uma referência nos estudos da cidade, analisada da perspectiva da linguagem através de estudos e pesquisas discursivas que relacionam o sujeito, a linguagem e a história. O laboratório comemorou 25 anos em 2017.