Um dispositivo inteligente acaba de ser instalado nos ônibus circulares da Unicamp. Ele captura em tempo real os dados de localização do transporte (GPS) e os envia a um sistema que coleta dados que serão disponibilizados para a comunidade. Com isso, quem utiliza esse tipo de transporte consegue saber onde ele está naquele exato momento e permite um melhor planejamento para tomar o ônibus em determinado ponto do campus.
[veja a localização dos circulares internos em tempo real]
Essa nova sistemática já está em execução desde o dia 26 de fevereiro último e começou a operar inicialmente em apenas uma linha: o circular 1. São dois ônibus que fazem essa linha durante o dia e um no circular noturno. Cada circular faz cerca de 40 viagens dentro da Unicamp. Futuramente, esse dispositivo estará sendo utilizado também no circular 2 que vai para o Museu e no circular 2 que vai para a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC).
O projeto, chamado Smart Campus, emprega o conceito de Internet das Coisas (IoT), que no inglês é denominado Internet of Things. A IoT vem sendo estudada e implantada em áreas como tecnologias vestíveis, agricultura inteligente, transportes, tráfego e trânsito, serviços públicos e cidades inteligentes. O intuito é colocar inteligência nos objetos para resolver questões do cotidiano e apoiar em tomadas de decisão e em gestão.
A Prefeitura da Unicamp também está criando outros subprojetos de IoT no Smart Campus. Cada dispositivo é utilizado por um serviço específico que a Prefeitura presta. O serviço de transporte de circular interno já pode ser acessado no site da Prefeitura.
O usuário observa, num mapa de localização, onde os ônibus estão circulando no campus. Mas, em breve, esse serviço também estará disponível no aplicativo Unicamp Serviços, já em fase de testes para Android e para IPhone. Depois, será desenvolvida uma plataforma a fim de visualizar também quanto tempo o circular vai demorar para chegar ao destino de interesse.
O sistema de gestão de transporte foi desenvolvido na área de Informática da Prefeitura, segundo o analista de sistemas Rafael Sousa, e consiste de duas partes: uma está disponível à Universidade e permite acesso aos usuários pelo site (ou em breve pelo aplicativo); e outra, de gestão, é empregada pela Unitransp. Com isso, ela consegue fazer a fiscalização dos serviços através da visualização dos lugares previstos de efetivos de passagem do ônibus em cada ponto.
O projeto integra embrionariamente o Planejamento Estratégico (Planes) da Prefeitura e vem sendo acompanhado pelo GEPlanes (equipe de projetos de gestão estratégica da Unicamp). Foram realizados estudos na área de IoT e foi apresentado um painel no Simpósio de Profissionais da Unicamp (Simtec) no ano de 2016. “A partir desses estudos, verificamos que era possível fazer um projeto inovador empregando essa rede. Depois participamos do concurso Smart Campus na FEEC. Nosso projeto da Iluminação Pública foi um dos ganhadores e depois participamos do evento Inova Campinas, onde o projeto também teve uma ótima aceitação”, informa Rafael.
Anteriormente ao projeto, havia no site da Prefeitura apenas uma tabela com o horário previsto de ônibus em cada ponto. "Por questões de trânsito, às vezes o circular não passava na hora. Agora, sabendo onde e em qual ponto o ônibus está, a pessoa irá embarcar com maior certeza, o que colabora muito com o planejamento de dia e de noite”, relata Simone Pontes, gerente da Informática da Prefeitura.
“Temos na Unicamp os pilares de Sustentabilidade e Universidade Digital. Esse projeto veio ao seu encontro. Daqui para frente a Universidade vai cada vez mais se apoiar em ferramentas de TI e IoT”, acredita Tânia Denise Almeida, da área de Planejamento da Prefeitura.
Guilherme Salustiano, diretor da Unitransp, realça que "esses subprojetos vão ajudar primeiramente o usuário, que poderá acompanhar em tempo real e ter uma informação precisa sobre os ônibus na utilização do serviço. Também deverá oferecer melhorias e otimizar as atividades, sempre prezando pelo bom atendimento ao usuário e fazendo uso de tecnologia de ponta", afirma.
Iluminação pública
Outro subprojeto da Prefeitura, já em andamento, envolve iluminação pública. Ele está sendo realizado em colaboração com a FEEC. Trata-se de um estudo de doutorado cujo orientador é o professor Leandro Tiago Manera. É um produto que não existe no mercado e está sendo desenvolvido na Unicamp: um dispositivo inteligente que será instalado nos pontos de iluminação pública. Cada poste tem pelo menos um ponto de iluminação que possui dispositivo que monitora o funcionamento da iluminação.
Esse dispositivo diz o momento que a luz acendeu ou apagou; se a lâmpada está queimada ou tem um outro problema; se é noite e a luz não acendeu, por que não acendeu?; se a luz ficou acesa durante todo o dia, por que não apagou?. “Ele se comunica através de outros dispositivos. Cada poste faz parte de uma rede de dados Mesh, e essa informação trafega entre postes até chegar ao sistema”, revela Rafael.
Esse subprojeto já tem um protótipo com dez dispositivos e agora pretende-se fazer a compra de material para fabricar mais 25, a serem instalados ao longo da área de testes – entre a FEEC e a Prefeitura, passando pela Reitoria.
Tânia salienta que as unidades de ensino, quando necessitavam desenvolver alguma pesquisa na administração, procuravam a Prefeitura. “Mas essa talvez tenha sido a primeira vez que o caminho foi inverso. Fomos às unidades buscar parceria para que o conhecimento que eles produzem não seja levado somente para fora da instituição. Que isso seja aplicado na própria instituição”, comenta.
Ela conta ainda que a equipe da Prefeitura procurou conhecer todas as iniciativas em IoT que existem na Universidade. O Grupo Gestor Universidade Sustentável (GGUS) foi o primeiro órgão que procuraram, porque lá são feitas as políticas de gestão. Acabaram indicando algumas expertises em relação ao tema na Unicamp. Foram então firmadas três parcerias: com a FEEC (professor Leandro Tiago Manera); com o Instituto de Computação (IC) (professora Juliana Freitag Borin) e com a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) (professor Henrique Cândido de Oliveira ).
Coleta diferenciada
Outro subprojeto ainda da Prefeitura é o de coleta de pilhas e baterias. Hoje a Unicamp tem 48 caixas coletoras instaladas em pontos estratégicos do campus. Só que, para fazer a coleta das pilhas, por exemplo, os funcionários têm que passar de caixa em caixa para fazer a sua retirada, sem saber se a caixa já está com um nível desejado de material.
“Muitas vezes, a caixa está vazia e, assim, os funcionários gastam tempo para ir até lá e verificar se há algo para recolher. Vamos buscar colocar um dispositivo inteligente nessas caixas. Ele informará ao gestor do serviço o nível de cada caixa. Deste modo, será feito um planejamento inteligente da coleta, ou seja, só das caixas que de fato necessitam”, explica Rafael.
De acordo com Tânia, "todos esses subprojetos demonstram ter sustentabilidade financeira e ambiental. Além disso, são um marco em termos de gestão, pois os dados chegam on-line. Daí é só o gestor trabalhar com eles".
Fazem parte da equipe que trabalha nesses subprojetos os funcionários Anderson Vargas (técnico de informática na Prefeitura), Ricardo Barbosa (analista de sistemas), José Ucelli (analista de redes), Simone Pontes (gerente de informática), Tânia Almeida (da área de Planejamento), além de Rafael Sousa (analista de sistemas).