Em fevereiro, o professor Kleber Pirota, do Instituto de Física “Gleb Wataghin”, resolveu por em prática um antigo desafio e aproveitar para colocar uma bandeira da Unicamp em um dos topos mais altos das Américas, na região do Aconcágua, na Argentina. Durante quase dois anos, Kleber amadureceu a ideia e se preparou para o percurso, que durou 13 dias e o levou ao topo do monte El Plata, aos cerca de 6.000 metros de altitude.
Atual coordenador de logística da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest), Kleber comparou a escalada ao desafio de encarar um vestibular. “Os dois precisam de muita preparação, organização e de um controle emocional grande”, comentou de maneira descontraída. Assim como em um vestibular, o que ajuda muito nesse tipo de caminhada, segundo o coordenador, é estar convencido de seus objetivos. Ainda assim, mudar o rumo não é sinal de fraqueza. “Em vários momentos da caminhada, temos a oportunidade de desistir de um caminho e isso não é ruim. Em alguns casos, inclusive, é o que nos salva”.
Kleber comentou sobre um trecho, logo na primeira grande subida, aos 4.500 metros de altitude, em que optou por desistir, depois de tentar por várias horas encontrar o caminho correto. “Fiquei frustrado, mas foi importante, pois o desgaste físico já era enorme e poderia ser arriscado não parar. Retomamos no dia seguinte. Foi a melhor decisão, nesse caso”, contou.
O desgaste físico natural de caminhadas desse tipo, associado à altitude e ao frio torna as trilhas na região do El Plata muito difíceis, com casos de acidentes, inclusive. “A natureza se impõe a todo instante e é preciso, além de preparo, respeitar os momentos em que isso acontece. Houve dias de tempestade, com chuva de gelo, vento muito forte e muita descarga elétrica, a barraca rasgou. Nessa hora, é preciso estar bem preparado, com os equipamentos adequados”, explicou Kleber.
Em trilhas em que a altitude tem um impacto significativo na parte física, ter uma estratégia bem definida é fundamental, segundo Kleber. “As estratégias costumam ser muito pessoais. Achei importante não focar no objetivo final, o topo, mas em dar um passo de cada vez. Isso porque, principalmente depois dos cinco mil metros, a respiração fica bem complicada e é preciso harmonia entre cada passo e a respiração. O emocional é determinante”, disse.
Além da sensação de superação pessoal, o coordenador de logística da Comvest diz que o desafio valeu a pena, também, por ter deixado a bandeira da Unicamp no topo das Américas, e lembra que a universidade ocupa o primeiro lugar no ranking da publicação britânica Times Higher Education. “Afinal de contas, somos a melhor universidade da América Latina!”.