Num auditório com público bastante motivado, Fábio Pereira Bravin e Willians Kaizer dos Santos Maciel, membros da Diretoria de Estatísticas Nacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apresentaram, na manhã da última sexta-feira (16/3), o “Simpósio sobre Indicadores de Fluxo de Estudantes no Ensino Superior”, a convite da Pró-reitoria de Graduação da Unicamp. Ao detalhar uma metodologia recentemente publicada para acompanhar o sucesso acadêmico de estudantes de graduação de todo o Brasil, o Inep abre uma discussão mais ampla sobre termos como evasão, permanência e conclusão da Graduação. A relevância dos indicadores está no auxílio que podem trazer para o acompanhamento dos estudantes e ações de suporte à gestão acadêmica, além do suporte de suas trajetórias até a conclusão da graduação na universidade.
Dados preliminares apresentados nesse simpósio mostram que ingressantes em cursos de graduação no ano de 2010, em todo Brasil, apresentaram, no ano de 2015, o percentual de desistência de 54,6% em oito anos de acompanhamento. Outra estatística desse mesmo grupo de ingressantes aponta que é no segundo ano dos cursos que os alunos do ensino superior de todo país têm o maior índice de desistência dos cursos nos quais estão matriculados: 16,8%. Num cálculo preliminar, essa taxa foi 51% menor na Unicamp, com 32% menos desistência do 1º curso no qual se matricularam. Taxas de desistência elevadas no Ensino Superior são conhecidas na literatura própria, mas há muitos debates sobre como devem ser os cálculos e o que se pode considerar sucesso na Graduação, podendo-se utilizar a conclusão do curso de primeira matrícula, como o Inep vem utilizando, ou conclusão de algum curso de Graduação na Instituição, o que será avaliado pelo Inep numa próxima etapa.
Alinhados com os projetos estratégicos da Pró-reitoria de Graduação da Unicamp, que buscam o aprimoramento dos mecanismos de acompanhamento da trajetória acadêmica de seus alunos, a monitorização de indicadores e séries históricas de taxas de permanência, conclusão e desistência na Universidade e sua discussão com a comunidade subsidiam a autoavaliação da Unicamp sobre seus programas de Graduação.
Para a Pró-reitora de Graduação, professora Eliana Amaral, os gestores acadêmicos precisam aprofundar a compreensão sobre os fluxos dos nossos estudantes que estão na base desses indicadores. Como exemplo, Eliana cita que, ao identificar os pontos de inflexão, onde se nota uma maior dificuldade dos alunos em progredir, ou uma maior taxa de desistência dos cursos, é necessário estudar suas causas e implantar ações para reduzir essas taxas ao mínimo. “Uma intervenção reconhecida pela literatura que reduz as taxas de desistência e retenção nos dois primeiros anos de curso, é ter um programa de mentoria”, comenta a Pró-reitora. Esta é uma proposta que já vem sendo considerada entre os diversos cursos da Universidade.
De acordo com a publicação “Metodologia de Cálculo dos Indicadores de Fluxo da Educação Superior”, as pesquisas estatísticas, realizadas anualmente pelo Inep, levam em consideração informações de instituições, cursos, alunos e docentes, para ter um retrato da situação da educação superior de graduação no país. Vale ressaltar que, até o ano de 2008, as informações eram coletadas pelo Censo Superior apenas de forma agrupada por curso. A partir de 2009 a coleta desses dados passou a ser considerada de forma individualizada, acompanhando cada estudante, o que permitiu a análise da primeira coorte de ingressantes em 2010. Os estudos sobre os estudantes admitidos em 2011 e a análise de fluxo nas instituições, que reconhece os remanejamentos internos, serão realizados pelo Inep ao longo de 2018 e 2019.
Durante o simpósio e com o avanço das discussões, os representantes do Instituto se colocaram à disposição para fornecer os dados da Unicamp para serem analisados em detalhes e foi identificada a possibilidade de colaboração para aprimoramento dos indicadores e definição de sucesso no ensino superior. “Vejo que essas colaborações podem ser muito produtivas. Vamos colaborar com o Inep como uma instituição piloto de grande porte para aprimorar a fórmula de cálculo desses indicadores e, em particular, aprimorar o processo de avaliação das trajetórias acadêmicas, que em universidades como a Unicamp, são bastante variadas”, conclui Eliana Amaral.