O ilustrador Alexandre Beck, criador das tirinhas do personagem Armandinho, esteve na última terça-feira (20) no auditório do Centro de Convenções da Unicamp para falar sobre ativismo artístico em favor dos Direitos Humanos. A atividade foi realizada pelo Comitê Gestor de Direitos Humanos da Universidade, como parte das iniciativas relacionadas aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A palestra contou com a presença de docentes, funcionários e estudantes da Unicamp, e também membros da comunidade externa. Professores dos mais diversos segmentos, da educação fundamental da rede pública de ensino e do curso de direito da PUC-Campinas, relataram usar as tirinhas do Armandinho para realizaram debates e reflexões em sala de aula.
Em sua apresentação, Alexandre Beck contou que seu personagem nasceu de uma urgência para o jornal onde trabalhava em Santa Catarina, mas foi nas redes sociais que Armandinho ganhou notoriedade em todo o Brasil. Com poder de empatia, o garotinho de cabelos azuis atrai cada vez mais seguidores preocupados com a valorização dos Direitos e com outras questões importantes, como a preservação do meio ambiente. “Eu não quero que meu trabalho seja visto como entretenimento, porque as tirinhas não são um fim. Elas são um meio para conscientizar as pessoas sobre questões que importam”.
O traçado limpo e os diálogos curtos são apenas alguns dos motivos que conquistam leitores para as tirinhas do Armandinho. “Pelo fato do personagem ser criança, acaba sendo visto também por crianças e os adultos costumam se identificar com ele, porque o lêem como se fosse um filho, um sobrinho. É bacana que o Armandinho consegue conversar com todo mundo, o que talvez não acontecesse se fosse um personagem adulto, por exemplo”, afirma Beck.
Trabalhando como ilustrador e cartunista há mais de 15 anos, Alexandre Beck é formado em agronomia e comunicação social. O personagem Armandinho surgiu despretensiosamente em 2009 para ilustrar uma reportagem do caderno de economia do Diário Catarinense, e no ano seguinte passou a ter espaço permanente como tira do jornal. Suas tirinhas são atualmente publicadas em sete jornais impressos dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de terem sido editadas em oito livros. A página do Armandinho no Facebook conta com mais de 985 mil seguidores.
Comitê Gestor de Direitos Humanos
A professora Néri de Barros Almeida, do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e coordenadora do Comitê Gestor de Direitos Humanos da Unicamp, explica que o órgão tem como função apresentar iniciativas sobre direitos humanos envolvendo diversos segmentos da universidade. "Essas propostas estão sendo gestadas e serão discutidas com a comunidade, para colocarmos em execução aquilo que a comunidade considerar que corresponde com sua identidade”.
Estão previstas a realização de outras iniciativas relacionadas à defesa dos direitos humanos. Uma delas é a realização, em parceria com a Escola de Educação Corporativa da Unicamp (Educorp), de atividades educacionais e de formação para que os funcionários possam discutir e se informar sobre direitos humanos. “Não há um projeto fechado. Queremos ver a reação da comunidade para as propostas levantadas e as demandas que serão apresentadas quando realizarmos visitas", conta Néri Almeida.
Já no mês de abril deve ser realizada uma oficina sobre justiça restaurativa, com a presença de juristas que deverão discutir casos de como essa prática pode ser aplicada em ambientes universitários. "As ações que estão sendo tratadas no Comitê deverão ser simples, e servirão para debater a importância de defender os direitos humanos de críticas e resistências que surgem de setores da sociedade. Por isso colocamos em debate a origem, importância e o que a sociedade ganha quando apostamos na conservação dos valores universais de direitos humanos”, avalia a professora Néri Almeida.