Professores de matemática às vezes são sujeitos estranhos. Imagine como seria então um professor que dança um pouco esquisito e mantém conversas com alguém que não existe, "tipo" um boneco de pano? Parece mais estranho ainda. Ou talvez não. Talvez o professor em questão seja somente um “cidadão fantástico”. É dessa maneira que o professor Régis Varão, do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc) da Unicamp, se dirige aos espectadores do canal “Fantástico Mundo Matemático”, que ele lançou recentemente na plataforma. No canal, Varão publica vídeos produzidos por ele, que procuram aproximar as pessoas da vivência da matemática.
Pesquisador da área de Sistemas Dinâmicos e Teoria Ergódica, graduado pela Unicamp, mestre e doutor pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, (IMPA) e pós-doutor pela Universidade de São Paulo e pela Universidade de Chicago, Varão é avesso ao estereótipo do professor universitário muito fechado e sério, beirando o inacessível. De bermudão, camiseta e tênis, jovem e brincalhão, ele pode ser visto tocando violão ou arriscando uma dança espanhola muito “diferentona” no Youtube. (veja aqui vídeo gravado em evento de dança flamenca como parte da comemoração do aniversário do instituto).
No canal de matemática ele conversa com uma produção imaginária e interage com o mascote Joaquim. Parece brincadeira? Mas longe disso. Varão só colocou o canal no ar depois de amadurecer muito a ideia. Aprendeu a editar e a gravar sozinho, improvisou um estúdio em casa, com o celular posicionado sobre uma escada. Pensou com cuidado nos temas, que são conteúdos para estudantes do ensino médio em diante, ou mesmo universitários, uma vez que já existem canais voltados para videoaulas ou para a matemática básica.
“São temas avançados, para divulgar a matemática do ambiente universitário”, afirma. Em um dos vídeos Varão comenta sobre a possibilidade de uma pessoa destra se transformar em canhota dependendo da geometria do universo. Outro vídeo trata de outro assunto que também parece impossível, mas não do ponto de vista matemático, que é dividir uma bola em alguns pedaços e, usando apenas esses pedaços, construir duas bolas idênticas à primeira.
“Eu gostaria que as pessoas assistissem aos vídeos e se sentissem mais próximos da matemática que é a ciência a menos representada em divulgação. A matemática parece muito abstrata e é mesmo, em algum sentido, um jogo de abstração. Em outros sentidos não”, comenta. O canal foi divulgado no site do Imecc e também pela Sociedade Brasileira de Matemática e vem crescendo. Em mês de vida já são em torno de mil inscritos e cerca de 9 mil visualizações. Alguns vídeos já têm mais de duas mil visualizações.
Vídeo sobre a divisão de uma bola: