A professora visitante do Instituto de Artes (IA), a multiculturalista Raquel Trindade, morreu no último domingo (15), aos 81 anos (1936-2018). Ela teve complicações de uma cirurgia cardíaca. Deixa três filhos. Era natural de Recife.
Escritora e artista plástica, Raquel Trindade foi professora universitária, ensinou o maracatu e o candomblé. Recebeu a Comenda de Mérito Cultural da República em 2012. No ano seguinte, trabalhou para a revitalização do Teatro Popular Solano Trindade, que leva o nome do poeta, seu pai.
Foi defensora dos ritos, ritmos, danças e imagens ligados às heranças e presenças negras. Teve importante participação como ativista do Movimento Negro. Recebeu o convite para ministrar aulas na Unicamp de Teatro Negro no Brasil e Sincretismo Religioso, de 1987 a 1992. Também lecionou na Universidade Federal de São Carlos, Anhembi Morumbi e Universidade de São Paulo (USP). Ofereceu o curso de extensão em “Identidade cultural afro-brasileira” (Icab) na Unifesp.
Em 2004, lançou o livro Conto, Canto e Encanto com minha história… Embu – Aldeia de M`Boy” (Ed. Noovha América), reunindo história de Embu e seus artistas. Reeditou-o em 2011, com outros artistas e histórias da cidade.
Como pintora, o candomblé foi a sua maior inspiração. Criou o bloco carnavalesco Kambinda, na mesma data que lançou seu livro, em 2004, e todos os anos saía em cortejo nas ruas do centro histórico de Embu das Artes, carregando multidões. Foi curadora de teatro e folclorista.
Ao deparar-se com apenas um negro num curso sobre danças de matrizes africanas, criou um curso de extensão em que negros funcionários e a comunidade misturavam-se a brancos e orientais. Foi dessa experiência que nasceu o Grupo de Teatro e Danças Populares Urucungos, Puítas e Quijengues, que completa 30 anos em 2018.
O diretor associado do IA da Unicamp, professor Gilberto Sobrinho, escreveu um texto sobre Raquel Trindade e fez um vídeo sobre ela. Acompanhe.