A Pró-Reitoria de Graduação (PRG) da Unicamp acaba de dar início, ao completar um ano de gestão, à segunda etapa do projeto de revisão do ensino de Graduação da Universidade. Esta etapa sucede fase preliminar de diagnóstico e planejamento, executada em 2017 nas reuniões da Comissão Central e Grupos de Trabalho da Graduação, com representantes estudantis e em oficinas e reuniões com coordenadores de cursos, docentes, secretarias de graduação, Diretoria Acadêmica e demais órgãos de apoio.
Ao longo do ano de 2018, a PRG desenvolverá uma série de atividades para aprofundar a reflexão sobre avanços necessários em busca de currículos mais flexíveis, que valorizem atividades interdisciplinares, também em pequenos grupos, centrados na aprendizagem de estudantes, que tenha bases na literatura pertinente. “Queremos envolver toda a comunidade interna nesse debate, buscando tornar o ensino de graduação ainda mais qualificado, com currículos e estratégias educacionais mais alinhadas com as necessidades dos profissionais do futuro e o perfil das novas gerações de estudantes”, define a pró-reitora de Graduação, professora Eliana Amaral.
Essas iniciativas para renovação da Graduação estão abrigadas num pacote de projetos estratégicos, que tem como carro-chefe o RenovaGRAD. Esse projeto específico tem como atribuição oferecer apoio às coordenações de cursos nas atividades ligadas à revisão, implantação de mudanças e acompanhamento das novas propostas pedagógicos, apoiados em dados sobre a Graduação e revisão de literatura pertinente. “Esse trabalho tem inúmeros componentes, que também incluem dar suporte aos professores que estão em contato direto com os estudantes nas disciplinas de primeiro ano (IngressaGRAD), aos coordenadores, coordenadores associados, diretores de unidades e membros do Núcleo Docente Estruturante (NDE), que são gestores acadêmicos nas unidades (GestaGRAD) e às secretarias que apoiam o ensino de Graduação (AssessoraGRAD). A instrumentalização das ações está, principalmente, a cargo do EA² e do GGTE, com apoio de docentes colaboradores de diversas unidades”, explica Eliana Amaral, referindo-se ao Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem e ao Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais, respectivamente.
A professora Soely Polydoro, coordenadora do EA², salienta que desde o início da atual gestão o órgão tem desenvolvido um grande número de ações com o objetivo de sensibilizar a comunidade acadêmica para a reflexão acerca dos projetos pedagógicos. “Temos promovido palestras e cursos com professores nacionais e internacionais, mas também expandimos as ações, em 2017, com assessoria aos coordenadores de Graduação e visitas às unidades de ensino e pesquisa. Vamos realizar um ciclo de vídeos e debates sobre as experiências exitosas da Unicamp. Além disso, estamos organizando atividades na forma de workshop para envolver os cursos dentro de suas áreas de conhecimento, para debater currículos similares atuais e a formação na Graduação”, elenca.
Além das atividades com corpo docente, é importante a discussão das propostas de mudanças com o corpo discente. A pró-reitora salienta que o dia 8 de maio de 2018 será reservado, no calendário acadêmico, para a avaliação e propostas de melhoria pelos discentes da Graduação. Assim, a expectativa é que, apoiadas em todas essas oportunidades de reflexão e discussão, as unidades de ensino e pesquisa possam apresentar propostas de revisão curricular e de suas estratégias educacionais, que deverão ser aprovadas nas Congregações e encaminhadas para apresentação na Comissão Central de Graduação (CCG) até o final de 2018. “Provavelmente, algumas unidades proporão mudanças mais profundas que outras. É importante que essas transformações resultem de uma reflexão coletiva, dos docentes, discentes, gestores acadêmicos e equipes de apoio, sobre como devemos cumprir essa missão primordial da Unicamp, de formar na Graduação uma nova geração de estudantes e futuros profissionais com base em dados sobre perfil dos estudantes, seu acompanhamento acadêmico e a literatura pertinente”, considera.
Essa nova geração, continua Eliana Amaral, é composta por nativos digitais, que esperam maior agilidade na aquisição e na aplicabilidade do conhecimento. “Nós precisamos contar com projetos pedagógicos que valorizem atividades interdisciplinares que promovam competências gerais, inclusive socioemocionais, e que sejam flexíveis para atender às diferentes trajetórias. Os currículos atuais são muito densos, o que estreita o espaço para inclusão de disciplinas eletivas, que colaboram com a aquisição de conhecimentos e competências consideradas, atualmente, essenciais. A ideia é renovar a Graduação a partir do mesmo olhar acadêmico-científico qualificado que usamos nas pesquisas em geral. A Unicamp é uma universidade de reconhecida qualidade internacional. O ensino de Graduação precisa estar alinhado com os padrões de qualidade atuais e as tendências de formação no ensino superior”, analisa.
Ainda nessa linha, a pró-reitora assinala que, com a ampliação da diversidade dos estudantes que entram na Unicamp, observam-se experiências prévias distintas. “As estratégicas educacionais devem permitir o aproveitamento da contribuição para o crescimento que essas diferenças oferecem. Além disso, a solução de problemas em grupo, por exemplo, permite aplicação do conhecimento e maior troca de experiências, com melhor retenção do que uma aula expositiva ou demonstrativa. A atuação em equipe possibilita que os alunos se apoiem mutuamente num processo de aprendizagem colaborativa. Nosso papel é facilitar esse processo, mudando o foco para um maior protagonismo e responsabilidade de construção do conhecimento pelos estudantes. Temos que centrar nossas propostas educacionais nas suas necessidades de formação, promovendo a excelência inclusiva na Graduação”.
O pano de fundo desse esforço mais amplo, de acordo com Soely Polydoro, são os subprojetos ligados ao RenovaGRAD, como o IngressaGRAD, voltado especialmente aos professores que ministram disciplinas no primeiro ano da Graduação. Visa sensibilizar e instrumentalizar os docentes para as demandas dos estudantes ingressantes, em relação à sua integração ao ambiente universitário, performance acadêmica e desenvolvimento de identidade com seu curso. “O principal propósito é oferecer apoio para o exercício do papel de acolhimento aos ingressantes, no sentido de entender suas diferentes necessidades, incluindo se adaptar a um ambiente desconhecido, com sua cultura e às novas formas e demandas no processo de ensino e aprendizagem”, diz a coordenadora do EA².
Tendo iniciado em 5 de abril, estão programadas mais cinco palestras no âmbito do IngressaGRAD até o final do primeiro semestre. Segundo os dados de Soely Polydoro, o programa conta com participação de 31 professores de variadas faculdades e institutos nesta primeira edição, demonstrando o interesse desse segmento pelo tema. “Como as vagas são limitadas em cada edição, oferecemos algumas atividades abertas já nesse semestre para atender também àqueles que não conseguiram se inscrever nessa primeira versão do IngressaGRAD”, esclarece. Também está sob o “guarda-chuva” do RenovaGRAD, o curso Planejamento das Condições de Ensino, em sua nona edição. No curso, que conta com 35 inscritos na versão iniciada em 11 de abril, são analisadas as principais decisões que um professor deve tomar para o desenvolvimento adequado do processo de ensino-aprendizagem com seus alunos.
Outra importante iniciativa dentro do compromisso de renovação dos cursos de Graduação é o Programa de Capacitação e Formação Docente para PEDs (PED +), voltado aos estudantes de pós-graduação vinculados ao Programa de Estágio Docente (PED), numa ação conjunta com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG). O intuito é criar oportunidade para que o aluno PED construa sua identidade e se capacite como docente universitário. O PED + oferecerá um curso com dois módulos semestrais, que podem ser realizados de forma independente. Foram 77 inscritos para 40 vagas. Entre os temas dos módulos estão “O estudante universitário e seu processo de integração e aprendizagem no ensino superior” e “Prática docente e metodologia ativa”.
“Nessas atividades de formação e reflexão sobre a docência no ensino superior, vamos contar com atividades presenciais complementadas por outras que utilizam suporte de tecnologias educacionais eletrônicas. O ensino híbrido é uma tendência que precisa ser vivenciada pelo corpo docente e incorporada nas propostas de renovação do ensino de Graduação”, completa Eliana Amaral. Ainda nos projetos para 2018, a pró-reitora realizará visitas nas unidades de ensino e pesquisa para apoiar as coordenações, câmaras de graduação e Núcleos Docentes Estruturantes e suas congregações, prestando os esclarecimentos que se fizerem necessários.