A identidade docente e a ciência de ensinar

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professor palestra frente a projeção de slide

RenovaGradValorizar a atuação do docente em sala de aula passa pela adoção de uma abordagem científica para o ensino. “É importante assegurar que nosso ensino seja baseado em evidências”, afirmou Yvonne Steinert, professora da universidade McGill (Canadá), na manhã desta sexta-feira (20), na Unicamp. Convidada pela pró-reitoria de Graduação (PRG), no âmbito do projeto de revisão do ensino de Graduação da Universidade (RenovaGrad), Steinert proferiu a conferência “Identidade e profissionalização docente”, no auditório GGBS.

“O conflito entre pesquisa e ensino é um desafio universal das universidades, não é uma questão brasileira. Nós também temos esse problema no Canadá, mas acredito que isso está lentamente mudando”, relatou. Para ela, valorizar o ensino significa mostrar que  se está preparado para investir nos professores,  seja através de programas de desenvolvimento docente, bolsas,  suporte tecnológico, ou por mudanças no sistema de progressão na carreira. “Vejo que, no Canadá, algo que influenciou fortemente foi a alteração dos critérios de promoção. Isso quer dizer que, assim como podemos ser promovidos por nossa história de pesquisa, podemos também ser promovidos por nossa história de ensino e por desenvolver pesquisas sobre o ensino”, contou.

Segundo Steinert, a avaliação do ensino não pode estar restrita ao desempenho do professor em sala de aula, mas deve observar como este se apropria da literatura e das evidências disponíveis. “Quando falamos em avaliar o ensino, não estamos apenas falando de “performance”, mas sobre tudo do que está por trás, do preparo, da pesquisa e da busca pelas inovações desenvolvida na área de ensino e aprendizagem. Assim, construímos o olhar científico para o ensino”, explicou.

professoras sentadas ao redor de mesa conversam
Eliana Amaral, pró-reitora de graduação, e Yvonne Steinert, professora da universidade McGill

“Muitos docentes enxergam-se como cientistas na sua área de conhecimento, mas não veem ciência em ensinar. Precisamos fazer as pessoas perceberem que há ciência aqui”, destacou a pró-reitora de graduação, Eliana Amaral. Segundo ela, este é um dos objetivos do projeto RenovaGrad, que tem proposto discussões entorno de renovações na graduação, além de apoio ao corpo docente e à gestão acadêmica. “Esse apoio é prático. Por um lado, estamos discutindo quais os problemas dos cursos de graduação, quais as propostas para enfrentá-los e como podemos ajudar nessas mudanças. Por outro lado, procuramos oferecer oportunidades de atualização e  de aprofundamento com uma abordagem científica do ensino, através de seminários e outras atividades”, relatou a pró-reitora.

PED+Eliana Amaral sinalizou ainda um cuidado especial com a formação dos estudantes de pós-graduação. “Nossos programas de pós-graduação estão preparando pessoas para serem professores da nossa universidade ou de outras universidades”, advertiu, destacando a importância de programas como o PED+, Programa de Capacitação e Formação Docente para os estudantes de pós-graduação vinculados ao Programa de Estágio Docente (PED).

Para Yvonne Steinert, uma estratégia interessante para fazer a ponte entre as atividades de ensino e pesquisa é a formação dos orientadores dos projetos de mestrado e doutorado. “A maior parte dos docentes também tem estudantes de pós-graduação para supervisionar e raramente falamos sobre essa supervisão. Falar sobre como ensinar futuros pesquisadores é uma forma de ligar os dois mundos”, afirmou.

A professora canadense chamou ainda atenção para a importância da promoção de “bons exemplos” no processo de valorização do trabalho em ensino. “Quanto mais conseguirmos que reitores, pró-reitores e chefes de departamento estejam ensinando, mais mostramos que ensinar é parte do trabalho de todos e que todos estão valorizando isso”, refletiu. Ela enfatizou também a relevância em destacar experiências de ensino nos veículos de comunicação da universidade. “Uma mudança que houve na minha universidade foi que as inovações em ensino passaram a ser noticiadas e muitas entrevistas começaram a ser a ser feitas com os bons professores, falando sobre sua paixão por ensinar e as pesquisas desenvidas sobre o assunto”, descreveu.

Iniciativas semelhantes na Unicamp foram citadas pela a pró-reitora de graduação. Dentre elas, vídeos com depoimentos curtos sobre ensinar e sobre experiências inovadoras de ensino.

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004