Documentário ‘Território Coletivo’ é tema de debate na Casa do Lago

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O documentário Território Coletivo será exibido na Sala de Cinema do Espaço Cultural Casa do Lago da Unicamp, em 9 de maio, às 18 horas. A sessão será seguida de debate com os diretores Andréia Briene, Rafael Figueiredo e Karina Fogaça e um representante dos coletivos teatrais retratados no filme. Produção do Itaú Cultural, o média-metragem retrata o cotidiano de coletivos da periferia da Grande São Paulo. A promoção é da Diretoria de Cultura (DCult) da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Universidade.

A proposta do Território Coletivo é compreender o funcionamento das dinâmicas de gestão cultural desses grupos e como eles dialogam com a comunidade em que estão inseridos. O roteiro inclui depoimentos de artistas do Coletivo Estopô Balaio e do Grupo Pombas Urbanas, ambos da zona leste paulistana, e também da Capulanas Cia. de Arte Negra, da zona sul da cidade. Localizados em regiões periféricas da grande cidade, os grupos são referência de arte e cultura para as comunidades.

O evento, segundo Andreia Briene, foi criado para aproximar os coletivos retratados no filme e os coletivos de Campinas. “A ideia é reunir estes grupos para que haja uma troca de experiências das realidades vividas por eles, compartilhamentos das práticas artísticas, da gestão dos grupos e que pudessem formar redes”, explica Andreia.

Para a diretora interina de Cultura da Proec, Malu Arruda, a exibição do documentário Território Coletivo na Unicamp possibilita a discussão de temáticas que são muito caras na Cultura, especialmente no campo acadêmico. “A dinâmica dos coletivos culturais, com seus problemas, seus impactos positivos e os questionamentos que ela suscita nas comunidades onde atuam – tão bem retratada no documentário Território Coletivo – apresenta aspectos que nos levam a refletir sobre o nosso papel na sociedade.”

A entrada é gratuita e a classificação é de 12 anos.

Mais? No evento do Facebook e no teaser: 

Proec – Você poderia falar sobre a importância de trazer esta discussão para uma sala de cinema universitária?
Andreia Briene – Bem, aqui temos dois pontos: o primeiro foi que no ano passado a Malu Arruda – diretora-adjunta da DCult/Unicamp, nos concedeu uma entrevista para o Boletim do Observatório e comentou sobre o papel das Universidades e da necessidade de estarem mais próximas das comunidades onde estão inseridas. Isso ficou muito presente em nós e, após a finalização do documentário, conversando com a Malu, que achou superinteressante o filme, ela nos falou que em Campinas têm vários coletivos e deixou aberta a possibilidade de exibirmos na Unicamp. Nós adoramos esta ideia e daí fomos desenvolvendo isso e decidimos que poderíamos fazer também uma mesa de conversa com alguém dos coletivos que foram retratados no doc e com a presença dos coletivos de Campinas, para que houvesse uma troca de experiências das realidades vividas por esses grupos, compartilhamentos das práticas artísticas; da gestão dos grupos e que pudessem formar redes, etc.

O segundo ponto é a importância de toda essa troca, esta ampliação de repertório, que é uma questão muito forte para nós, tanto como produtores quanto pesquisadores da área cultural, que é a conciliação da teoria com a prática, dando voz àquelas e àqueles que estão a frente destes grupos com a Universidade.

Por isso acreditamos que a exibição do Território Coletivo no cinema da Universidade e com a presença das pessoas que estão à frente dos coletivos é um momento de agregar conhecimento, possibilidade de formar redes e trocar experiências práticas e conceituais para todos os setores envolvidos.

Proec – O que os levou a produzir este média-metragem?
Tudo começou por conta do Boletim do Observatório, nós criamos uma série chamada Coletivos e começamos fazendo um mapeamento de diversos coletivos artísticos de São Paulo e de outros lugares do Brasil, e foi muito bacana, pois havia coletivos de diversas expressões artísticas. Já havíamos feito uma série de espaços que trabalhavam com música independente e tinha também muito conteúdo bacana. Surgiu a ideia em fazer três documentários e trazer estes temas, assim, conseguimos aprovar com nossos gestores uma verba e iniciamos o projeto. Este projeto é bem bacana, pois foi desenvolvido por colaboradores das áreas de Audiovisual e Observatório do Itaú Cultural de forma bem colaborativa. Lançamos o primeiro, que se chama Música ao Lado – que trata sobre as pequenas casas de música em São Paulo e já está disponível para quem quiser assistir –; o segundo é o Território Coletivo; e o último, que está em fase de pesquisa de conteúdo e será produzido, talvez, no ano que vem.

Quanto ao recorte dos coletivos teatrais, a princípio, fizemos entrevistas com o professor Jorge Bassani, Laura Sobral do Baixo Augusta e com os coletivos, além dos citados anteriormente, o Aurora (Ponto Aurora), que trabalha várias expressões artísticas e está localizado na região da República. No momento da edição, ficou muito forte para nós e sobressaía muito a questão do território no Pombas, Estopô e Capulanas, pois no processo artístico do grupo teve muita influência deste território, das vidas que compõem este lugar, e assim decidimos fazer este recorte.

Qual tem sido a receptividade?
Tem sido bem interessante e cada vez que assistimos, nos causa uma nova reflexão. Fizemos o lançamento oficial no Itaú Cultural em outubro/2017 e tivemos a presença de quase todos os integrantes dos Coletivos que foram retratados. Em 2017, ainda fizemos exibições na sede do Pombas Urbanas, da Capulanas, na Casa do Povo e na Agência Popular Solano Trindade no Capão Redondo, além de uma exibição aos funcionários do Itaú Cultural.

A recepção tem sido bem interessante, pois os públicos que têm ido às exibições são bem diferentes. No Pombas Urbanas, por exemplo, havia muitos alunos das formações de circo e teatro do próprio coletivo; na Agência Solano Trindade, havia mais crianças (entre 10 e 12 anos), que se sentiram representados ali por fazerem oficinas de teatro na escola, como comentou um menino de 10 anos. Acredito que todo este movimento nos mostra a potência deste documentário para ajudar a discutir o papel desta produção artística que está acontecendo em outros espaços que não são institucionalizados.

E qual a contribuição do documentário no sentido de mostrar o papel destes coletivos como referências de arte e cultura para as comunidades?
A presença dos coletivos para as comunidades é muito grande e transformadora. No documentário, temos os depoimentos da Kely (do Estopô) e do Rafael (Pombas Urbanas), que dão uma dimensão disso. A mudança que estes grupos fizeram na comunidade é relevante, tanto no sentido de formação artística – pois muitos moradores são atores, músicos que fazem parte dos grupos –, como de sobrevivência, pois muitos já conseguem só se dedicar ao fazer artístico, como também de construção de identidade e de pertencimento à comunidade: antes os sonhos de muitos era sair destes bairros periféricos. Hoje eles tentam mudar a realidade desses bairros e lutam por políticas públicas para melhorar este espaço.

Serviço
Exibição e debate sobre o documentário Território Coletivo
Dia 9 de maio
Às 18 horas
No Espaço Cultural Casa do Lago

Imagem de capa
Território Coletivo

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