O 5º Encontro de Divulgação de Ciência Cultura (EDICC) continuou nesta quinta-feira (26), com a realização do Simpósio Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), mantenedor de projetos como o Observatório da Imprensa. O evento celebra o aniversário de 20 anos de atuação do Projor, criado pelo jornalista Alberto Dines e acolhido pelo então reitor da Unicamp, professor Carlos Vogt. O Simpósio Projor foi aberto pela manhã, por Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.
As mesas redondas do simpósio atuaram como espaço de reflexão sobre os impactos e desafios que as novas tecnologias tem causado no jornalismo brasileiro. A primeira mesa redonda do dia relembrou a memória e o balanço de duas décadas de atuação do Observatório. Carlos Vogt, que em 1994 havia ajudado a criar o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), contou um pouco sobre como se deu essa iniciativa junto com Alberto Dines, como um espaço necessário de reflexão sobre jornalismo no ambiente universitário. Carlos Vogt relembrou os protagonistas envolvidos na construção do projeto, como José Marques de Melo, Luiz Egypto, Caio Túlio Costa e Carlos Eduardo Lins e Silva, tanto da primeira versão online, quanto da migração para a TV, ainda em 1998.
Em seguida o jornalista Eugenio Bucci, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP), relembrou a influencia que o trabalho de Alberto Dines e Luiz Egypto teve em sua própria escolha de se dedicar à profissão ainda na década de 1970, com os Cadernos de Jornalismo e Comunicação, editados pelo Jornal do Brasil, até a coluna Jornal dos Jornais, na Folha de S.Paulo, considerados como espaços precursores da crítica reflexiva aos meios de comunicação. E o jornalista Celestino Vivian apresentou sua atuação no Projeto Grande Pequena Impressa, de apoio e assessoramento aos veículos de jornalismo local de cidades fora dos grandes centros econômicos. O panorama apresentado por Celestino mostra as dificuldades e possibilidades que os veículos de comunicação dessas localidades têm para se apresentar viáveis em tempos de crise do jornalismo impresso e a migração para o ambiente online.
A segunda mesa do dia, mediada pelo jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, apresentou uma videoconferência ao vivo do professor Michael Schudson, da pós-graduação em comunicação da Universidade Columbia em Nova Iorque, EUA, sobre a experiência estadunidense da campanha anti-imprensa, promovida pelo governo de Donald Trump e seus apoiadores. Michael Schudson relatou a relação histórica da mídia com o establishment político, e o panorama na atual conjuntura sobre as fakenews, que influenciou o debate público no país, afetando a cobertura da imprensa e o interesse público.
Já o jornalista e pesquisador Caio Tulio Costa, que entre outros trabalhos foi diretor-fundador do UOL e presidente do portal IG, relatou como a internet e a desinformação propagada por meio de fakenews. A partir de sua experiência, Caio Tulio Costa relatou como o uso de robôs virtuais e má utilização de redes sociais já afetaram as últimas eleições no Brasil e podem influenciar o pleito de 2018. José Roberto de Toledo, um dos fundadores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), repórter da revista Piauí, comentou sobre os desafios para o jornalismo brasileiro na arena digital e como a imprensa pode evitar que os interesses escusos de determinados setores podem tentar influenciar as informações que são levados ao público. Para Toledo, os jornais ainda não se adaptaram para a melhor forma de cobertura de um momento onde as redes sociais são usadas para a politica, seja pelos agentes políticos ou pelo público leitor.
O Simpósio Projor prossegue na tarde desta quinta-feira, com outros debates. Está sendo transmitido ao vivo pela TV Unicamp, que também acompanhou os eventos do 5º Encontro de Divulgação de Ciência Cultura na terça e quarta-feira. Confira a programação em http://edicc.labjor.unicamp.br/2018/.