O reajuste salarial de 1,5% para professores e servidores técnico-administrativos proposto pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) está aquém da expectativa das categorias, mas representa um importante esforço financeiro por parte das instituições. A explicação é do reitor da Unicamp, professor Marcelo Knobel. Segundo o dirigente, as assessorias financeiras de USP, Unesp e Unicamp foram unânimes em recomendar que não fosse concedido qualquer índice de recomposição, dada a preocupante situação orçamentária das universidades. “Entretanto, os reitores tomaram a decisão política de propor o 1,5%. É um aumento abaixo do demandado, mas é o que a conjuntura atual permite e que está em consonância com os preceitos de responsabilidade com a gestão pública”, explica.
De acordo com Knobel, a posição do Cruesp representa uma aposta dos reitores numa possível recuperação da economia brasileira em futuro próximo. “Se isso não ocorrer, certamente os orçamentos das universidades serão ainda mais pressionados. Embora haja comentários de que o reajuste teria sido ‘irrisório’, é importante esclarecer o que ele representa para as contas das instituições. No caso da Unicamp, 1,5% sobre uma folha salarial de R$ 170 milhões equivale a um gasto adicional de R$ 2,5 milhões por mês. Ao final de um ano, considerando salário, 13º salário e abono de férias, o montante sobe para algo em torno de R$ 26,5 milhões, o que é muito significativo”, analisa o reitor.
Knobel lembra que o déficit orçamentário da Universidade para 2018 deverá alcançar a casa dos R$ 240 milhões, e que a atual Administração tem feito um enorme esforço de gestão para reduzi-lo. Os resultados começaram a aparecer, mas os gastos continuam muito acima da receita, dado que o crescimento econômico do país ainda não é sustentável. “Se a economia não melhorar, vamos ter que consumir as reservas estratégicas que ainda nos restam. Por isso, nosso compromisso tem sido o de promover a recuperação do equilíbrio financeiro da Unicamp, para evitarmos um cenário ainda mais complicado. Nós temos ciência de que docentes e servidores técnico-administrativos precisam recuperar as perdas salariais acumuladas ao longo dos últimos anos, mas pedimos compreensão de todos para o momento delicado que enfrentamos”, pondera o reitor.
A exemplo do registrado na nota divulgada pelo Cruesp, Knobel reafirmou a disposição da Unicamp de realizar todos os esforços possíveis para recuperar os salários das categorias, assim que as condições econômicas permitirem. “Esse é um compromisso do qual não nos afastaremos”, assegura.