A seleção brasileira masculina de Goalball conquistou, no início do mês de junho, seu segundo título mundial de goalball, na World Championship Goalball em Malmo, na Suécia. O título faz parte de uma sequência de conquistas iniciada nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara, em 2011, onde a equipe foi campeã. Seguiram-se: medalha de prata nos jogos Paralímpicos de Londres, em 2012; campeã do mundial da Finlândia, em 2014; bicampeã nos jogos Parapan-americanos de Toronto, em 2015; medalha de bronze nos jogos Paralímpicos do Rio, em 2016; e campeã da Copa América de goalball, em 2017. “São títulos muito expressivos. O Brasil é a única seleção do mundo que se manteve em todos os pódios do cenário mundial desde 2012”, afirmou Alessandro Tosim, técnico da equipe desde 2009, que desenvolve pesquisa de doutorado na Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, sob orientação do professor Paulo Cesar Montagner.
O esporte, praticado por atletas que possuem deficiência visual, é jogado em quadra retangular, com marcação no solo feita em alto relevo, e tem como objetivo arremessar uma bola com as mãos no gol do adversário. Cada time joga com três jogadores e o uso de vendas nos olhos é obrigatório a todos os atletas. A bola possui guizos que permite aos atletas identificar sua direção e localização.
“Nós temos atletas extremamente talentosos na seleção brasileira hoje e, diferente de outras seleções, temos seis jogadores prontos para competição. Isso faz com que a gente consiga ir poupando os atletas ao longo da primeira fase do campeonato, revezando todo mundo. Assim, chegamos à fase final com seis atletas de certa forma descansados, enquanto as demais equipes, que contam com 3 ou 4 atletas, chegam mais desgastadas”, explicou Tosim, que trabalha auxiliado pelo técnico preparador físico Diego Colletes, também formado pela FEF Unicamp.
Para o treinador, uma das vantagens estratégicas da equipe é o sistema defensivo. “Como nossa defesa é muito forte, as outras equipes cometeram muitas penalidades, como highball (bola alta) ou longball (bola longa). Quando isso acontece, fica apenas um jogador de cada equipe na quadra, o que cometeu contra o atacante”, contou.
Segundo Tosim, a formação dos atletas para esse tipo de competição é muito exigente. O treinamento diário é em torno de 4 a 5 horas. “Eles treinam tanto quanto um atleta sem deficiência e devem, hoje, a ser comparados com os grandes atletas em âmbito Mundial”, revelou.
Pesquisa
No doutorado, Tosim está investigando a formação do treinador esportivo de Goalball. Segundo ele, o objetivo do trabalho identificar como é a formação desse profissional, a partir da análise das trajetórias de técnicos no Brasil e no exterior. “Em nosso país temos um conselho de educação física que obriga todos os a serem formados em educação física, mas nos outros países não há essa exigência”, relatou.