O documentário "Livre Pensar", cinebiografia da economista Maria da Conceição Tavares, dirigido por José Mariani, vai ser exibido na Unicamp nesta terça-feira, 19, no auditório da Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp). A exibição, às 18 horas, é parte das comemorações dos 50 anos do Instituto de Economia (IE). Após haverá um debate com o diretor do filme e professores do instituto.
Conceição Tavares foi uma das fundadoras do primeiro curso de pós-graduação em economia da Unicamp, em 1973, e ajudou a formar a primeira geração de economistas da Universidade. Ela contribuiu para a compreensão do fenômeno do subdesenvolvimento brasileiro.
O filme recupera a trajetória da economista a partir de gravações que José Mariani fez com ela para suas produções anteriores, como o documentário “Um Sonho Intenso”, de 2012, sobre o pensamento econômico brasileiro; ou ainda “O longo amanhecer”, sobre Celso Furtado, de 2004.
Ele também gravou, em 2010, a festa de aniversário de 80 anos de Conceição Tavares. “Li no jornal que ela faria uma festa de aniversário de 80 anos e iriam comparecer os dois candidatos na época à presidência da República, Dilma Rousseff e José Serra. Pedi para filmar essa festa”, conta.
Mariani além de documentarista é professor do curso de cinema da PUC – Rio de Janeiro. "Livre Pensar" teve sua primeira projeção pública em abril no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi em comemoração ao aniversário de 88 anos de Maria da Conceição Tavares.
“Eu conheci Conceição Tavares filmando o Celso Furtado e fiquei muito impactado com sua voz, sua retórica. Ela fala com muita emoção e lucidez. Tem brilho e retórica muito impactantes. A fala dela é sempre muito clara sobre um tema difícil que é a economia. A ideia do filme é trazer o pensamento dela por ela mesma”, comentou Mariani.
De acordo ainda com o diretor, Conceição Tavares no filme não fala diretamente sobre o momento atual, já que a última entrevista de Mariani com ela foi em 2016. No entanto o documentarista considera que “o pensamento dela sobre o nosso desenvolvimento econômico é muito atual. Ao falar dos anos de 1950 até fim do primeiro governo Lula o pensamento dela dialoga com hoje”.
Para o diretor, falta hoje na mídia em geral a pluralidade de pensamento que o documentário é capaz de acrescentar. “Você não tem hoje na mídia a presença não de Conceição Tavares, como também de outros importantes pensadores de várias áreas. Acho que essa diversidade de pensamento é muito saudável”.
Mariani considera que a presença da economista no debate político e econômico “é de uma lucidez enorme porque ela trata com muita paixão sobre as questões do subdesenvolvimento brasileiro e como superá-las”. Nesse sentido, acrescenta, Conceição Tavares é discípula do Celso Furtado. “Mas ela avança para o próprio trabalho trazendo a questão da exclusão social que é muito atual”.
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