A Administração Superior da Unicamp promoveu na tarde desta quinta-feira (21) uma reunião com diretores de institutos e faculdades para esclarecer os dirigentes dessas unidades de ensino e pesquisa sobre o processo de negociação com o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU). Na oportunidade, o reitor Marcelo Knobel apresentou aos presentes quais são as reivindicações dos trabalhadores e quais seriam os impactos financeiros para a Universidade caso elas fossem integralmente atendidas. Segundo cálculos feitos pela Assessoria de Economia e Planejamento (Aeplan), os pleitos ampliariam as despesas da instituição em R$ 315 milhões, valor superior ao atual déficit orçamentário da instituição, de R$ 239 milhões [Veja Tabela].
Marcelo Knobel explicou aos diretores que a situação financeira da Unicamp não permite neste momento que a Universidade atenda à maioria das reivindicações do STU, sob pena de inviabilizar num futuro próximo outros dispêndios, entre eles o pagamento de salários. “Atravessamos uma situação muito difícil e, como gestores públicos, temos que ter o compromisso de evitar que o quadro se torne ainda mais crítico”, afirmou.
O reitor disse aos diretores o mesmo que tem afirmado à entidade representativa dos servidores técnico-administrativos. Segundo ele, a proposta de reajuste salarial de 1,5% e o aumento do valor do auxílio alimentação de R$ 850 para R$ 950 já representam um esforço financeiro importante por parte da Universidade. “Nós compreendemos que esses números não atendem às expectativas dos trabalhadores, mas realmente não temos condições de ir além”, reforçou.
Marcelo Knobel também aproveitou o encontro para corrigir informações que têm circulado pela Universidade, dando conta de que não estão ocorrendo contratações. Apesar das dificuldades impostas pela crise financeira, assegurou o dirigente, a instituição vem se empenhando para suprir as necessidades de pessoal, notadamente nos casos de maior urgência. “Em 2017, por exemplo, nós contratamos por meio de concurso público 134 servidores e 76 docentes. Também contratamos, em regime de emergência, outros 54 funcionários e 18 professores”, elencou.
Sobre os procedimentos relacionados à greve dos funcionários, que nesta sexta-feira completará um mês, o reitor informou que os gestores dos órgãos vinculados à Reitoria foram orientados a anotar no cartão de ponto a ausência dos trabalhadores que aderiram ao movimento, com o consequente desconto financeiro. “Entretanto, como as faculdades e institutos têm autonomia nesse aspecto, cada unidade deve decidir que procedimento adotará em casos correlatos”, esclareceu Marcelo Knobel.
Ainda acerca desse assunto, a coordenadora-geral da Universidade, Teresa Atvars, elucidou que a medida não é um mero procedimento administrativo, mas uma exigência legal. “Nós não podemos registrar a presença de quem não está trabalhando. Após a greve, caso essa questão venha a ser negociada, nós vamos verificar em que áreas os dias não trabalhados poderão ser compensados, com o pagamento dos respectivos dias”.
Tanto o reitor quanto a coordenadora-geral asseguraram aos diretores de unidades de ensino e pesquisa que a Administração Central se mantém aberta ao diálogo com o STU e disposta a construir um acordo que possa colocar fim à greve dos servidores. Na próxima segunda-feira estão agendadas duas reuniões de negociação, uma com o próprio STU e outra com a Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), que tem uma pauta de reivindicação específica. “As contas da Universidade, assim como nossa posição, são totalmente transparentes. Queremos dialogar, mas dentro de parâmetros que não comprometam o funcionamento da instituição”, ponderou Marcelo Knobel.