“Temos muito a fazer, há um atraso imenso, mas este é um ponto de partida”, afirmou o reitor Marcelo Knobel, ao abrir na manhã desta terça-feira o workshop “Estratégias para a cultura dos direitos humanos na Universidade”, que reuniu mais de 30 representantes da comunidade da Unicamp para discutir e definir uma agenda de iniciativas, já para o segundo semestre do ano, que contribua para tornar a instituição um modelo de respeito aos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade, fundamentos primordiais da defesa e aplicação dos direitos humanos.
Marcelo Knobel ressaltou que diversas frentes de valorização do respeito aos direitos humanos já estão abertas na Unicamp, com grupos de trabalho debruçados sobre questões como a Cátedra para Refugiados, a inclusão de pessoas com deficiência e indígenas, e o combate à violência, ao assédio e à discriminação de gênero ou baseada em orientação sexual. “A discussão dos direitos humanos em geral – dos refugiados, da liberdade religiosa e de expressão – aparece em todos os cantos do mundo, mas ela é importante também no nosso cotidiano, o que não fazemos com a devida frequência e a profundidade. Temos que definir como atuar de maneira efetiva na Universidade”.
O workshop realizado na Escola de Educação Corporativa (Educorp/Unicamp) foi organizado pelo Comitê Gestor do Pacto Universitário pela Valorização do Respeito à Diversidade pela Cultura da Paz e Direitos Humanos (do Gabinete do Reitor), Diretoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (ProEC) e Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen).
Néri de Barros Almeida, professora titular do IFCH e coordenadora do Comitê Gestor do Pacto Universitário, disse que esta iniciativa dos ministérios da Educação e Cultura e da Justiça foi lançada em 2016, com a adesão da Unicamp ocorrendo em maio de 2017. “Desde então muitas pessoas nos procuraram espontaneamente, atraídas pela temática dos direitos humanos; e com outras entramos em contato porque desenvolviam trabalhos afins. Ouvi-las é fundamental para darmos os primeiros passos mais consistentes para corresponder às demandas e a uma pauta de prioridades sugeridas pela comunidade.”
Segundo Néri de Barros, a campanha do Pacto Universitário termina oficialmente em dezembro deste ano, quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 70 anos, mas o Comitê Gestor da Unicamp decidiu por uma ação perene junto à comunidade. “Propusemos um projeto de curta, média e longa duração, com a criação do Observatório dos Direitos Humanos, que ainda está no papel, mas, acredito, será aprovado por ser um ambiente virtual de referência, não impactando financeiramente a Universidade nesse momento complicado.”
O Comitê Gestor tomou como missão promover ações de conscientização e de educação formal e informal que abram um debate sobre a necessidade de atenção à prática dos direitos humanos (como conteúdo de ensino e vivência) na Unicamp. “Tais propósitos tornam necessário o planejamento de diferentes agendas transversais de curta, média e longa duração, de preferência, coordenadas por uma política de direitos humanos em que sejam discutidos conceitos, métodos e objetivos comuns devidamente conhecidos, apoiados e praticados pela comunidade universitária”, defendem os membros do Comitê.