Pró-reitoras, pró-reitores e representantes da Unicamp, Universidade Estadual de São Paulo “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) discutiram indicadores de desempenho e desafios da graduação durante o II Seminário de Pró-Reitores de Graduação das Universidades Públicas Paulistas na manhã da última terça-feira, 26, no Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA2) na Unicamp. No período da tarde, o debate foi sobre permanência estudantil. A abertura foi com a coordenadora geral da Unicamp, Teresa Atvars.
“Nosso foco, pela manhã, foi discutir quais processos usamos para acompanhar a evolução dos estudantes, disciplinas e cursos de graduação e que indicadores quantitativos e qualitativos podemos utilizar para melhor acompanhar essa evolução e orientar ações de melhoria”, salientou a pró-reitora de Graduação da Unicamp, Eliana Amaral, organizadora do evento. “Apresentamos como se articulam os indicadores com a avaliação institucional e o planejamento estratégico e que medidas estamos tomando para aprimorar os currículos dos cursos de graduação e suas estratégias educacionais”, complementou.
Segundo ela, a Universidade está trabalhando em um “pacote” de ações para buscar uma experiência acadêmica ainda mais positiva para seus alunos e docentes, que inclui a revisão dos currículos e das atividades educacionais nas unidades, com base em literatura e experiências de outras instituições nacionais e internacionais, apoiadas pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG). “Essas mudanças exigem criar oportunidades para que os docentes, coordenação dos cursos e alunos possam discutir temas relevantes para promover um ensino mais colaborativo e voltado para os problemas da sociedade”, explicou Amaral.
As ações também incluem mais apoio à secretarias e coordenadorias de Graduação e divulgação de dados que refletem a evolução dos cursos com maior agilidade e transparência. ”A troca de experiências com as outras universidades públicas do Estado de São Paulo ajuda a aprofundar o entendimento das necessidades e possíveis soluções, além de projetos colaborativos de avaliação dos cursos e instituições universitárias” afirmou a pró-reitora da Unicamp.
Para a pró-reitora de Graduação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) Gladis Massini-Cagliari, “há um descompasso entre a formação que as universidades públicas têm oferecido aos alunos de graduação e o perfil de profissional necessário hoje no mundo, ou seja, um profissional mais flexível e voltado à pratica multidisciplinar. Por isso é preciso que as universidades, sobretudo as públicas, sejam capazes de se reinventar, renovando currículos, docência, avaliações.
A Unesp, de acordo com a professora Gladis, criou uma comissão para acompanhar as propostas de reestruturação curricular com o objetivo de fomentar a discussão entre os conselhos de cursos. “Algumas iniciativas já discutidas giram em torno, por exemplo, de trazer para o currículo atividades extracurriculares que os alunos já fazem como projetos de iniciação científica e de iniciação à docência ou projetos de extensão”.
A mudança, complementou a pró-reitora, deve ser estrutural mexendo também na avaliação docente. “Até recentemente só se via a dimensão da avaliação docente a partir da contagem de horas/aula, mas para conseguirmos reformular a graduação de forma mais ampla precisamos pensar na atividade docente muito além da carga horária”. O processo de reformulação deve ser contínuo para atender as demandas que também vão mudando, salientou a pró-reitora da Unesp.
Permanência
Sobre as questões da permanência estudantil, os representantes das universidades trouxeram as experiências mais recentes de cada instituição. A permanência estudantil foi debatida na sua dimensão estrutural, relacionada aos benefícios e bolsas; e simbólica, ligada à experiência de pertencimento, em complementação à dimensão acadêmica, previamente abordada pelo responsável da Coordenadoria Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade da UFSCar, Djalma Ribeiro Junior.
De acordo com as apresentações da Unicamp, Unesp e Unifesp a mudança do perfil de estudantes promovida pelas políticas de inclusão exige ações concretas de permanência. A Unicamp tem um dos programas mais antigos e já bastante estruturado, com bolsas, moradia e diferentes tipos de auxílios. A estruturação e serviços oferecidos pelo Serviço de Assistência Psicológica e Psiquiátrica ao Estudante (Sappe) e pelo Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) foram elogiados pelas outras instituições.
A Unifesp, de acordo com a apresentação de Fernando Sfair Kinker, pró-reitor adjunto de graduação, atende aos alunos de acordo com um perfil de vulnerabilidade econômica e social. O maior desafio, comentou, é o apoio pedagógico ao estudante que encontra uma estrutura curricular rígida. Outra questão colocada foi a necessidade não atendida na área de saúde mental. “Precisamos produzir redes de sociabilidade, criar uma instituição mais viva e acolhedora, além de valorizar o aluno como protagonista em suas necessidades”.
A partir dos pontos discutidos os pró-reitores e representantes criaram uma pauta de temas a serem aprofundados nos próximos encontros. A proposta é que o seminário aconteça semestralmente.