Alunos de pós-graduação lecionam curso na Unicamp para olimpíadas de Matemática

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Um grupo de alunos dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental II da rede pública do Estado de São Paulo se reúne na Unicamp, aos sábados de manhã, para participarem do treinamento para a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). São, em média, 80 alunos, que assistem às aulas oferecidas gratuitamente como parte do Programa Polos Olímpicos de Treinamento Intensivo (Poti), realizado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) com o objetivo de estimular o estudo da Matemática e revelar novos talentos na área.

A Unicamp é um dos Polos de Treinamentos espalhados por todo o Brasil. As provas da primeira fase da 14ª edição aconteceram em junho e a segunda fase no dia 15 de setembro. A previsão é que o treinamento aconteça até outubro, para os alunos que também tem interesse em participar da 40ª Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), marcada para os dias 13 e 14 de novembro. 

A professora do Instituto de Matemática Estatística e Computação Científica (Imecc) da Unicamp e atual coordenadora do Poti na Universidade, Laura Rifo, conta que dos 120 alunos inscritos, 110 foram aprovados, apesar de inicialmente terem sido abertas 100 vagas. Alguns, ainda, passaram para o Poti Virtual, em que o Impa disponibiliza vídeo-aulas e exercícios. O Programa oferece financiamento aos professores. Além dos seis alunos de pós-graduação que atuam como professores na iniciativa, oito estudantes de Licenciatura do Imecc, bolsistas do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Unicamp e voluntários, trabalham como monitores, auxiliando os alunos na resolução de problemas.

Foto: Perri
Alunos do Ensino Fundamental II em aulas no Ciclo Básico que ocorrem aos sábados pela manhã 

Conforme explica a coordenadora, durante as aulas, o professor faz uma breve explicação do assunto e exemplifica com um exercício. Em seguida, a turma é dividida em grupos menores, cerca de 10 alunos, que se espalham pela praça do Ciclo Básico para resolver os exercícios em conjunto e com a ajuda de um monitor responsável. Por fim, voltam para a sala de aula onde o professor resolve os exercícios que a turma teve mais dificuldade. A cada dois sábados, alternadamente, é realizado um simulado.

Laura Rifo demonstra entusiasmo ao falar sobre a iniciativa. “Eu realmente acredito que a Obmep seja um motivador de mobilização social, proporcionando de fato inclusão, pois os alunos medalhistas podem concorrer a bolsas de graduação em universidades públicas", avalia. Para a professora, uma das razões que motiva os alunos seria a participação de alunos do Imecc como professores e monitores das aulas.

A estudante do 4º ano de Licenciatura em Matemática do Imecc e monitora, Luana Aguiar, analisa que estar na Unicamp pode ser uma outra motivação dos alunos. “Eles não estão só estudando matemática aos sábados, eles estão estudando matemática aos sábados na Unicamp”, ressaltou a monitora. Ela comemora participar de uma iniciativa enquanto cursando Licenciatura, pois é uma forma de ter contato com estudantes, aprender a articular, se expressar, lidar com a turma, tornar-se didático e motivar os escolares.

Segundo o estudante do 4º ano da Licenciatura em Matemática do Imecc e monitor do Poti Andrey Alleoni, a orientação que os monitores receberam da professora Laura é ficar próximo dos alunos. “Estamos tentando fixar os grupos de alunos. Isso vai criando um vínculo e a convivência acaba despertando um ambiente mais descontraído, com piadas internas”, contou Alleoni que também tem um histórico escolar de educação pública e ganhou menção honrosa em uma edição da Olimpíadas de Matemática.

Ambiente de ensino aos futuros professores
“O Poti serve como laboratório de ensino para os nossos alunos”, analisa Laura Rifo. Ela explica que o Programa fornece aos alunos de Licenciatura em Matemática uma possibilidade de atuar na prática como professores, além de funcionar como ambiente de pesquisa para mestrado e iniciação científica. “Eu acredito que essa seja a contrapartida [do Programa] para a Universidade”, afirma. O treinamento para a Olimpíadas de Matemática é baseado na resolução de problemas, instigando os alunos a usarem o raciocínio lógico ou dedutivo, motivando-os a pensar em formas diferentes de soluções, mesmo sem possuírem o conteúdo específico.

Foto: Perri

Programa Polos Olímpicos de Treinamento Intensivo (POTI) tem o objetivo de estimular o estudo da Matemática e revelar talentos na área.

O mestrando Rodrigo Takashi Kubota, é um dos professores do Poti, e conta que conduz as aulas de forma a explorar diferentes perspectivas das técnicas e regras da matemática, buscando gerar curiosidade nos alunos. Kubota é aluno do programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT) da Unicamp, e começou a lecionar em 2011, no 2º ano do cursinho depois que o diretor da escola, ao ver seu desempenho na disciplina e ouvir elogios de seus colegas sobre suas explicações, o convidou a dar os plantões de dúvidas do pré-vestibulinho. Os desafios da matemática são objeto de estudo de Kubota, que além de lecionar no Poti, utiliza as aulas para desenvolver sua pesquisa de mestrado, na qual ele analisa o entusiasmo dos alunos por desafios de álgebra em função do grau de abstração, ou seja, quando o problema é apresentado por meio de letras e não números. 

Outros estudos estão sendo desenvolvidos a partir do ambiente promovido pelo Poti. O mestrando Jheovany Martins, 22, que coordena o treinamento em conjunto com a professora Laura, está analisando as dificuldades dos alunos na resolução de exercícios e o papel do monitor no processo de aprendizagem. “A ideia da pesquisa é medir os impactos dessas atividades [do POTI] no desenvolvimento matemático dos alunos, verificando se os alunos incorporam o conhecimento adquirido depois de resolverem exercícios a partir de alguma mediação”, explicou. Martins, que foi medalhista da Obmep e chegou a participar do então Programa de Iniciação Científica (PIC), realiza sua pesquisa no âmbito do Programa de Pós-Graduação Multiunidades em Ensino de Ciências e Matemática (Pecim).

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Laura Letícia e os alunos no IMEEC

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004