Todo início de ano as inscrições são abertas. Duzentas vagas ficam disponíveis para os alunos de segundo e terceiro ano do Ensino Médio das escolas públicas da região de Campinas. No “Mês da Matemática” os inscritos recebem uma revisão geral do conteúdo do Ensino Fundamental. Depois disso os estudantes passam por uma prova e são selecionados para ocupar uma das cem vagas do curso Exato. Ao longo do ano eles terão aulas, sem qualquer custo, de português, matemática, física e química no período da noite, em uma sala do Ciclo Básico da Unicamp. Em agosto de 2018 já vai fazer dez anos que é assim.
Quando o projeto começou, Monique Oliveira estava na graduação. Hoje ela faz doutorado na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri). De monitora (e professora) ela passou à coordenação. “Os voluntários são alunos de graduação e pós-graduação da Unicamp. Temos orientadores para cada área, que são docentes da Universidade, e ainda um orientador para ajudar na transição da equipes da organização”, explica. Ao longo de uma década já passaram pelo projeto 360 voluntários e 15 docentes.
Segundo Monique não se trata de um cursinho pré-vestibular. “Percebemos que não conseguiríamos prometer isso. Nosso foco sempre foi que os alunos desenvolvessem autonomia de estudo”. A estrutura do curso Exato é de uma aula teórica no primeiro horário e atividades com exercícios no segundo horário. “Temos professores de exercícios e monitores. Partimos da premissa que os alunos não terão muito tempo para estudar fora do Exato, porque muitos estão trabalhando ou já estudam para a escola”.
Desde 2008 o projeto tem apoio da Unicamp por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec). “Nesses 10 anos o Exato mudou o jeito como as aulas são feitas. Nós reduzimos os conteúdos e fizemos a divisão em aulas expositivas e exploratórias. Também estruturamos seções de organização e de informática, que nos dão apoio às seções de ensino”, afirma o docente Matheus Souza da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC), orientador da área de matemática. Souza, enquanto aluno da Unicamp, foi também professor voluntário do Exato.
Um dos sinais de que o curso está atingindo a maturidade, de acordo com o docente, é o fato de que as áreas já começaram a preparar o próprio material didático. Isso significa que as práticas pedagógicas mais acertadas estão sendo consolidadas. “Os alunos apresentam algumas lacunas no ensino básico e os voluntários geralmente vem de outra perspectiva, não têm experiência didática. Portanto as potencialidades de ambos são exercitadas ao extremo. O papel dos orientadores é importante para ajudar a tornar o conteúdo mais agradável e as experiências de ensino e de aprendizagem mais fluidas”, complementou.
Renata de Santana Lourenço, aluna do curso de fonoaudiologia da Unicamp, também voluntária do projeto, foi aluna do Exato em 2015. Depois, pela nota do Enem, conseguiu a vaga no Profis e, este ano, entrou na faculdade. “Muita coisa que eu vi no Profis eu já conhecia pela minha passagem no Exato. Minha escola era bem defasada em exatas principalmente, eu tinha muita dificuldade, havia muito conteúdo que eu nunca tinha visto”.
Para Renata, nesses dez anos de Exato também é preciso celebrar a oportunidade que o curso oferece para que os alunos de escolas públicas conheçam a Unicamp de dentro e saibam que é possível estudar na Universidade.