O Laboratório de Citopatologia do Hospital da Mulher - Caism, da Unicamp, acaba de ser credenciado pelo Ministério da Saúde como laboratório do tipo II. Com isso, ele estará galgando um novo patamar em seus oferecimentos. Deve fazer o monitoramento externo da qualidade dos laboratórios que prestam serviços do tipo 1 ao Estado de São Paulo, que são aqueles que avaliam os exames citopatológicos quanto à detecção do câncer de colo de útero, conhecidos como papanicolaou.
O Estado propôs ao Caism um monitoramento de 60 mil exames por ano. Deste modo, ele será o maior auditor entre os laboratórios dessa área, seguido pela Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp) e pelo Instituto Adolfo Lutz. A estratégia do Estado é melhorar continuamente o padrão dos exames ofertados à população através do monitoramento externo.
O Caism atuava anteriormente junto aos laboratórios do tipo I, realizando os exames citopatológicos de Campinas e de mais de 65 municípios da rede. Segundo Fabiana Casellato, supervisora do Laboratório de Citopatologia do Caism, o laboratório fazia 20 mil lâminas mensais. “A paciente ia ao posto de saúde para colher o papanicolaou. As lâminas e os pedidos de exame eram enviados para o Caism, onde fazíamos a leitura e diagnóstico.”
Agora, o Estado pretende criar uma tríade na qual o Caism, a Fosp e o Adolfo Lutz, os dois últimos da cidade de São Paulo, terão competências e habilidades semelhantes. Mas o Caism deverá continuar fazendo os cerca de mil exames mensais do tipo I, para ele próprio, e os exames de mama que já fazia todo mês (cerca de 120), mais os cinco mil exames por mês propostos pelo Estado.
Fabiana menciona que, com a mudança e certificação para QualiCito II (Qualificação Nacional em Citopatologia), os exames QualiCito I ficarão a cargo do Hospital de Câncer de Barretos. Com isso, a assessoria do Caism estará focada em qualidade e monitoramento de qualidade.
O Caism, realça ela, vai efetuar o maior número de exames pela quantidade de funcionários que tem, pela infraestrutura e pelo prestígio do laboratório, que está completando 50 anos e que fazia, até aqui, cerca de 250 mil exames por ano. "Acredita-se que essa certificação decorra da assistência que o hospital presta em nível terciário e das suas pesquisas de ponta."
Projeto
Para conseguir essa habilitação no Ministério da Saúde, a equipe do laboratório teve que produzir um projeto, ser qualificado, estabelecer metas e desenvolver uma espécie de planejamento estratégico. “Tivemos que cumprir itens como por exemplo ter índice de positividade acima de 3%, atender a uma região com mais de 15 mil exames anuais, ter monitoramento interno de qualidade, etc. Estes aspectos também são verificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, conta Fabiana.
Ela ainda comenta que foram nove meses até conseguir obter esse credenciamento. Em outubro de 2017, o Caism recebeu a última lâmina do tipo I e deve iniciar o trabalho do tipo II ainda este semestre.
Mensalmente, o laboratório receberá uma verba do Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde pelas cinco mil lâminas que irá avaliar de laboratórios selecionados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). “Teremos outra dinâmica, já que iremos avaliar a qualidade dos exames citopatológicos do colo do útero dos laboratórios públicos e privados que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS). Será um ganho para a população e para o Estado, para monitorar melhor os seus prestadores de serviço”, salienta.
A intenção do monitoramento externo não é criticar e nem subjugar e sim manter a qualidade do laboratório do tipo I, assessorá-lo, incentivá-lo e acrescentar novos valores a ele, com o suporte dos 19 funcionários do laboratório do Caism, que atuam no hospital há pelo menos 15 anos. “Cremos que fazer uma auditoria com profissionais dessa experiência e capacidade poderá colaborar muito com o Estado”, frisa a supervisora do laboratório.
Tecnologia
De acordo com André Aparecido da Silva, supervisor da área administrativa do laboratório, além de prestar o serviço para o Estado, o Caism irá oferecer treinamentos a outros laboratórios conforme a necessidade. Nesse momento, os profissionais estão passando por encontros de educação continuada semanais, formulados para uniformização de critérios citológicos e atualização na terminologia da QualiCito.
André revela que o Laboratório de Citopatologia estará adquirindo em breve novos computadores e microscópios de captura mais sofisticados, pois até aqui os citologistas somente liam as lâminas. Agora vão ler e inserir os laudos no sistema, além de capturar imagens para discussão de casos. Além dos técnicos, o Laboratório de Citopatologia do Caism possui citologistas de nível superior e médicos, o que confere maior exatidão ainda aos exames.
A missão do Qualicito é realizar a prevenção do câncer de colo do útero, prestando serviço direto às unidades de saúde, e reduzir o percentual de exames falso-negativos. Com esse acompanhamento, será possível diminuir a ocorrência de erros no diagnóstico do câncer de colo de útero.