A Editora da Unicamp está promovendo os primeiros movimentos para tornar-se também uma editora-escola. O segmento educacional do órgão, em fase de formatação, tem oferecido uma série de atividades para alunos de graduação e pós-graduação da Universidade interessados em adquirir conhecimentos específicos ligados à área editorial. A partir do ano que vem, o objetivo é oferecer a mesma oportunidade para o público externo, por meio da criação de cursos de extensão. “Algumas das grandes universidades do Brasil e do exterior têm modelos semelhantes, que vêm proporcionado ótimos resultados às instituições”, afirma a diretora da Editora, professora Márcia Abreu.
De acordo com a docente, a proposta de conferir à Editora também a condição de escola estava contemplada no plano de gestão do atual reitor Marcelo Knobel. A ideia central da iniciativa é transmitir a outras pessoas o conhecimento produzido pelo órgão nas atividades de preparação de livros, como diagramação, revisão de texto, concepção de capa e divulgação das obras.
O reitor Marcelo Knobel classifica o projeto da editora-escola como “fantástico”. Segundo ele, a iniciativa integra de maneira efetiva a Editora da Unicamp às atividades de graduação, pós-graduação e extensão. “Os estagiários participam de todas as atividades relacionadas à editoração, aprendendo na prática como uma editora de fato funciona. É um projeto muito interessante e inovador no contexto das editoras universitárias brasileiras”, considera.
Ouça o depoimento do reitor Marcelo Knobel
Para dar impulso ao projeto, a Editora estabeleceu parcerias com unidades e órgãos da própria Unicamp, como o Instituto de Artes (IA), Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), Instituto de Filosofia de Ciências Humanas (IFCH), Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e Secretaria Executiva de Comunicação (SEC). “Atualmente, temos 15 alunos estagiando conosco, exercendo diferentes funções. Boa parte conta com bolsa-auxílio concedida pelo Serviço de Apoio ao Estudante (SAE). A experiência tem sido muito enriquecedora, tanto para eles quanto para nós”, relata a docente.
Segundo a diretora Editora da Unicamp, as tarefas exercidas pelos estudantes ocorrem em duas frentes. A primeira está relacionada à preparação de um livro. A outra frente diz respeito à divulgação das publicações. Isso tem sido feito, por exemplo, por meio da produção de entrevistas com os autores, que são gravadas em podcast e posteriormente transmitidas pela Rádio Unicamp, num programa denominado “Orelha de Livro”.
Outra iniciativa, batizada de “Drops de Leitura”, consiste na preparação de um pequeno texto elaborado pelos alunos, que é gravado em áudio e veiculado ao longo da programação da Rádio Unicamp. Os estudantes estão envolvidos, ainda, na produção do programa de entrevistas “Café com Conversa”, que é exibido pela TV Unicamp. “Entre as atividades desempenhadas pelos estagiários está a participação em uma reunião de pauta semanal, na qual são discutidos os textos, as formas de abordagens e os assuntos que serão tratados no período subsequente. Trata-se de um encontro descontraído, mas também muito produtivo. Além de criativos, os estudantes demonstram um enorme entusiasmo pelo trabalho, o que acaba nos contagiando”, relata a diretora da Editora.
Conforme Marcia Abreu, todos os estudantes recebem um certificado ao final do estágio, que tem duração variada. “Nós temos alunos que estão tanto no primeiro quanto no último ano da graduação. Enquanto mantiverem vínculo com a Universidade, eles podem permanecer no projeto. Dependendo do período do estágio e das competências adquiridas, eles podem até pleitear uma vaga no mercado editorial caso haja esse interesse”, entende a diretora da Editora.
Todo o material produzido pelos alunos da editora-escola é disponibilizado em um blog, criado e mantido pelos estudantes. “Além de divulgar os programas de rádio e de tevê, o blog traz textos de apresentação dos lançamentos e de livros de destaque na editora. Para isso, nós oferecemos a eles um acompanhamento na elaboração dos textos. Eles leem os livros e escrevem uma nota de publicação, falando sobre a obra e o autor, que chamamos ‘Livro da Vez’. Uma parte dessa produção textual também é publicada pelo Jornal da Unicamp”, diz Marcia Abreu.
Aulas
Como parte da preparação dos estudantes para atuarem nas atividades editoriais, a Unicamp tem oferecido disciplinas para esse grupo. Uma delas, que tratou sobre aspectos ligados à editoração, foi ministrada pela própria Márcia Abreu, no IEL. O conteúdo faz parte do currículo do curso de Estudos Literários daquela unidade. Além disso, o professor Noel Carvalho, do IA, tem trabalhado com interessados na elaboração de vídeos e documentários relativos a livros da editora. Uma das turmas produziu, como trabalho de conclusão do curso, um vídeo sobre o Livro de Redação do Vestibular 2018, que foi exibido durante a última edição do Unicamp de Portas Abertas (UPA) e está disponível no Youtube.
A professora Daniela Birman, coordenadora do curso de Estudos Literários do IEL, também está integrada ao projeto. Ela está oferecendo o curso “Tópicos em Produção de Texto I”. Durante as aulas, os alunos aprendem a fazer resenhas literárias, entrevistas e reportagens. “Achei muito interessante a proposta da criação da editora-escola, e por isso resolvei estabelecer parceria com a Editora. Uma das atividades do curso em andamento será a produção de resenhas e matérias relacionadas às atividades editoriais da Unicamp, que posteriormente serão publicadas no blog e oferecidas ao Jornal da Unicamp”.
Atualmente, Daniela Birman trabalha com duas turmas, com 20 integrantes cada uma. De acordo com a docente, os estudantes têm demonstrando um alto envolvimento com as atividades. “Não sabemos se alguns deles optarão por trabalhar no mercado editorial, mas sem dúvida nenhuma a experiência que estão tendo será valiosa no futuro profissional de cada um”, entende a docente.
Aprendizado
Mônica Guidi, aluna de Estudos Literários, acabou de ingressar no projeto. Ela concorreu ao estágio depois de fazer a disciplina de editoração ministrada pela professora Márcia Abreu. “Foi muito legal ter conseguido essa vaga. Aqui, posso trabalhar mais na parte de produção, que é o meu interesse, que na de pesquisa, para a qual o meu curso está mais voltado”, diz. Vinícius Russi, colega de curso de Mônica, também considera a oportunidade valiosa. “Com o aprendizado que teremos aqui, é possível buscarmos, ao final da graduação, uma posição numa editora. Quem sabe na própria Editora da Unicamp, né?”, imagina.
Mariana Ferraz, outra estagiária, cursa o último ano de Ciências Sociais. Ela participava de outro projeto e, ao tomar conhecimento das atividades ligadas à criação da editora-escola, decidiu mudar. “A proposta chamou a minha atenção pela experiência em si. Nunca tive contato com esse tipo de trabalho. Gosto muito de ler e escrever. Aqui, podemos fazer, entre outras coisas, resenhas e textos para divulgação nas redes sociais. Estou tendo a chance de aprimorar a escrita. Estou gostando muito dessa experiência”, declara.