Ciro Gomes, candidato à Presidência da República pelo PDT, esteve na Unicamp na manhã desta quinta-feira, sendo recebido por pesquisadores do Laboratório de Genômica e Expressa (LGE), do Instituto de Biologia (IB). Segundo o professor Gonçalo Amarante Pereira, coordenador do LGE, a visita foi solicitada pela própria assessoria do candidato, cujo programa de governo possui forte foco em ciência e tecnologia. “Ciro Gomes está visitando vários locais que representem seu programa de governo e é natural que tenha vindo à Unicamp, que considero um ícone principalmente na área de inovação, que é o que ele busca: converter ciência em inovação e riqueza”.
O candidato foi levado a conhecer alguns projetos do laboratório, sobretudo nas áreas de energia e de fitossanidade, para depois conversar com pesquisadores e professores. Disse que, na noite anterior, havia preferido participar de um encontro com reitores na Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, ao invés de atender a um convite de representantes do agronegócio na Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária, em Brasília. “O Brasil está numa encalacrada tão grave, que, ou a gente pede socorro ao pensamento universitário, ou esse país vai mesmo para o brejo. Por tudo o que estamos assistindo, vamos começar a desacreditar fatias imensas da população nesta linguagem da democracia que é a política.”
Na opinião de Ciro Gomes, é vã a crença na chamada globalização, afirmando que a única “coisa globalizada” é a informação, que chega exatamente da mesma forma para o garoto que nasce no interior do Ceará e para o garoto norte-americano, europeu e asiático. “O resto é propaganda e mistificação. E o domínio tecnológico, não sendo global, a questão nacional se impõe. Precisamos cuidar da nossa maturidade tecnológica, pois também é muito vã a crença de nossas elites de que vamos pagar o modo de vida moderno desejado pela sociedade com soja, milho, minério de ferro bruto e petróleo. Precisamos construir um projeto de forma lúcida.”
Segundo Gonçalo Pereira, a visita do candidato à Presidência não se estenderia a outros pontos do campus, que no seu entender deve ser um espaço neutro. “Mas foi uma boa ocasião para colocar a ciência e tecnologia em discussão, provocando o tema na campanha presidencial – quando um candidato puxa o tema, os outros seguem atrás. Não deixa de ser uma contribuição importante da Unicamp.”