Uma das principais referências da arquitetura brasileira, responsável por projetos como o Parque Villa-Lobos e o Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, em São Paulo, Décio Tozzi esteve na tarde desta terça-feira (4), na Unicamp, para formalizar a doação de seu acervo para a Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura (BAE). Com mais de 2 mil projetos arquitetônicos originais em papel, além de croquis, painéis e documentos, o material será o primeiro acervo técnico e documental da área de arquitetura na Universidade.
Rodeado por jovens estudantes, Décio Tozzi falou emocionado sobre a profissão e a carreira. “Esse trabalho também tem um caráter de resistência. As ideias de uma sociedade livre e justa estão presentes nesses projetos, apesar dos 20 anos de estagnação cultural provocados pela ditadura. O que eu gostaria que os alunos entendessem é esse dueto entre arquitetura e sociedade, pois isso é o principal. A arquitetura acompanha o desenvolvimento da sociedade. Ora avançando ideias e olha refletindo ideias”, refletiu o arquiteto.
O material recebido pela diretora BAE, Danielle Thiago Ferreira, passará por um processo de conservação e restauro antes de ser disponibilizado ao público. “Faremos primeiro a catalogação e descrição dos acervos. Depois, haverá um processo de digitalização, garantir a preservação dos documentos. Parte do material, que está em papel manteiga craquelando, precisará ser restaurado. Tudo será disponibilizado aos alunos, tanto o material físico quanto o digital”, afirmou Danielle.
“Deter acervos completos de arquitetos coloca o curso de arquitetura da Unicamp em uma situação diferenciada. É um privilégio começar com alguém da relevância de Décio Tozzi”, afirmou Emília Rutkowski, coordenadora do curso de graduação de arquitetura e urbanismo.
Para o coordenador associado do curso, Rafael Urano, o acesso aos desenhos e anotações possibilitará aos alunos um contato direto com o processo de criação de Tozzi, cujo trabalho é estudado em diversas disciplinas do curso. “A obra mais famosa dele, que é uma pequenininha Igrejinha, eu me lembro de ver quando estava no primeiro ano da faculdade. Agora, a gente vai conhecer o que está por trás disso. Temos os desenhos de criação, o grafite no papel, os papéis manteigas enormes todos ocupados. Podemos ver como ele idealizava cada uma dessas coisas”, comentou.