Representantes da Administração Central da Unicamp e de entidades ligadas ao Movimento Negro com atuação na Universidade estiveram reunidos na tarde desta quarta-feira (5) para discutir ações voltadas ao combate ao racismo no âmbito acadêmico. Ao tomar conhecimento das reivindicações das entidades, o reitor Marcelo Knobel, que participou do encontro, afirmou que a pauta apresentada pelos coletivos é comum aos interesses da instituição. “A Administração Central da Unicamp considera inaceitáveis quaisquer manifestações e comportamentos racistas ou de intolerância”, declarou, reafirmado posição manifestada anteriormente.
Ao abrir a reunião, Marcelo Knobel pediu aos presentes que oferecessem sugestões de iniciativas de combate ao racismo, além daquelas que a Unicamp já adota. Os representantes do Movimento Negro manifestaram preocupação com a ocorrência de episódios recentes desse gênero e apresentaram alguns pedidos. Um deles refere-se à solicitação de retificação, por parte da Universidade, do Boletim de Ocorrência registrado por ocasião das pichações de cunho nazista realizadas em meados de agosto em espaços da biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), Instituto de Geociências (IG), Biblioteca Central (BC) e Ciclo Básico (CB).
No documento, o ato foi classificado como “vandalismo”, mas os coletivos entendem que o que ocorreu foi uma clara manifestação de racismo. Os representantes do Movimento Negro também reivindicaram a instalação de um Grupo de Trabalho (GT), com a participação de vários atores ligados ao tema, que tenha a atribuição de propor medidas de prevenção e combate ao racismo na Unicamp. Entre os assuntos a serem considerados pelo GT estão a criação de protocolos de ação e a orientação dos profissionais que venham a tomar conhecimento de casos de racismo.
Por último, foi pedido que a Universidade abra um Processo Administrativo contra o ex-aluno suspeito de ter feito as pichações nazistas nas dependências das unidades e órgãos. O objetivo, segundo os representantes dos coletivos, é que, caso ele seja responsabilizado pelo crime, que a informação seja anexada ao seu Registro Acadêmico (RA). Tal procedimento seria especialmente importante, alegaram, no caso de essa pessoa voltar a ingressar na instituição, via vestibular.
Marcelo Knobel informou que pedirá para que a Procuradoria Geral (PG) verifique a possibilidade da retificação do BO junto à Polícia Civil. “Se isso for possível, nós faremos a solicitação imediatamente”. O reitor também assumiu o compromisso de instalar o GT de combate ao racismo, observando que atos de discriminação e intolerância também serão objeto de reflexão e ação na esfera da futura Secretaria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade, instância que está em fase estruturação. Sobre a abertura de Processo Administrativo contra o ex-aluno suspeito de praticar manifestações nazistas, o dirigente se comprometeu a consultar a PG a respeito dessa possibilidade.
Ao encerrar a reunião, Marcelo Knobel voltou a dizer que compartilha das preocupações apresentadas pelos representantes do Movimento Negro. “Não vejo nenhum ponto na pauta apresentada por vocês que nos distancie. Ao contrário, comungamos da mesma posição. Nossos objetivos são comuns e espero que possamos construir conjuntamente as condições necessárias para tornarmos o respeito à diversidade um valor para a Unicamp”, afirmou. Além do reitor, outros integrantes e assessores da Administração Central participaram da reunião.