Tina e Valdo recepcionam os visitantes do Centro de Computação da Unicamp (CCUEC). Estão sobre o balcão, em frente ao computador da recepção. Os dois pinguins de gesso, batizados “Sustentina” e “Sustenvaldo” são porta-vozes de mensagens em favor do meio-ambiente sustentável. Mascotes de uma campanha que começou na unidade em 2013 e ainda perdura. O CCUEC, na semana em que as atenções estão voltadas para o movimento LixoZero, comemora o feito de ter eliminado quase cem por cento o uso de copos descartáveis, entre outras ações.
Tina e Valdo tiveram um papel fundamental na mudança de comportamento de todos. Foi em 2013 que um grupo de funcionários recebeu a tarefa da superintendência para criar uma ação de “conscientização” ambiental. Paulo Ferreira da Silva e Rosângela Aparecida Vialta estavam no grupo. Paulo, hoje diretor administrativo, elaborou o projeto e a secretária Rosângela se transformou numa espécie de policial que distribuía puxões de orelha nos colegas quando “flagrava” algum absurdo.
“Na época a coleta seletiva foi uma das ações sugeridas. Havia muitas pessoas envolvidas, engajadas em educação ambiental”, conta Paulo. O primeiro passo foi mexer na infraestrutura, identificando e dispondo lixeiras de forma correta. Mas as coisas foram mudando de verdade entre os funcionários cada vez que Valdo e Tina apareciam na caixa de e-mails.
“Vestidos” com roupas de super-heróis ou ocupando a bancada do telejornal global, os pinguins davam o recado, chamando a atenção para o uso racional de recursos como o papel, a água ou a energia. O pinguim, também símbolo do sistema operacional Linux, estampou canecas de inox que foram distribuídas durante a semana de lançamento da campanha. Às vezes o bicho aparecia em um cartaz perto dos copos plásticos reprovando a atitude de quem buscava o artefato.
O CCUEC, com pouco mais de cem funcionários, consumia até 20 mil copos plásticos por mês. Repetindo: POR MÊS. Hoje são 100 copos a cada seis meses. A campanha CCEUC Sustentável abriu novas frentes ao longo dos anos. “A campanha dos copos era nosso carro chefe, mas também estávamos preocupados em melhorar os nossos resíduos, em deixá-los separados corretamente e diminuir quantidade de lixo que já foi reduzida em 30%” complementam Paulo e Rosângela.
A equipe de limpeza é parceira do projeto. Cada novo funcionário da empresa terceirizada recebe orientações sobre a separação dos resíduos. Ainda há, hoje, um ponto de coleta de esponjas de lavar louças e outro ponto de coleta de meias usadas para reciclagem, em parcerias firmadas com as empresas TerraCycle e Puket.
Em outras ações foram trocados os vasos sanitários para os mais modernos com duplo acionamento de descarga, e em breve serão substituídas também as lâmpadas do prédio por lâmpadas led. Mesmo o resíduo de café passa por compostagem e é usado como adubo orgânico.
“Somos gestores técnicos do contrato de impressão corporativa e departamental da Unicamp e estamos testando um modo de retenção das impressões que obriga os usuários a fazer uma autenticação na máquina e decidir se querem de fato imprimir ou não. Com isso já reduzimos mais de 50% o volume de impressões”, acrescenta Paulo.
História dos pinguins
Não, os pinguins não “nasceram” na campanha CCUEC Sustentável. Eles vieram primeiro. Rosângela é quem conta os detalhes da história. O mascote é um resgate de uma história antiga do CCUEC.
Em 1990 apareceu um pinguim de louça em cima da geladeira da copa dos funcionários. “Ninguém sabia quem era o dono do pinguim que sempre surgia fantasiado conforme a data ou outra curiosidade”.
Papai Noel, Saddam Hussein, padre carnavalesco e até grevista foram algumas das “alegorias” que ele usou. Até que o pinguim apareceu quebrado sendo devidamente velado e enterrado. A comunidade do CCUEC ainda sentia a perda do amigo da copa quando “apareceu” um substituto que lá está sobre a geladeira nova do novo prédio. Em 1994 e 1995 os funcionários do centro chegaram a criar “o pinguim dourado”, um troféu, para ficar no departamento que tivesse a melhor decoração de natal.
Já para a campanha de sustentabilidade as mulheres reivindicaram seu espaço. Faltava a fêmea. O funcionário que também é artista se encarregou de confeccionar o casal em gesso. Houve então o concurso para a escolha dos nomes. Sustenvaldo e Sustentina ganharam até clones e estão por lá para quem quiser conhecê-los.
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