Em nova fase do RenovaGRAD, projeto estratégico focando a renovação da graduação na Unicamp, a professora Eliana Amaral, pró-reitora de Graduação, juntamente com sua equipe, já fez um número significativo de visitas para mobilizar a comunidade interna das unidades de ensino e pesquisa, oferecendo suporte a diretores, coordenadores, membros do Núcleo Docente Estruturante, docentes e estudantes para promover mudanças curriculares. A expectativa é de que os anos de 2018 e 2019 sejam de construção de novos currículos, que devem estar implantados nos 69 cursos da Universidade até 2020 – o RenoGRAD 2020. “A direção da formação de pessoas, hoje, inclui competências e habilidades gerais, como de interação, comunicação e compromisso social, além de conhecimentos e habilidades técnicas. Precisamos incluir essas múltiplas facetas de forma abrangente”, afirma a pró-reitora.
A sugestão, segundo Eliana Amaral, é deixar os currículos mais enxutos para permitir aos graduandos atividades eletivas que deem uma tonalidade especial à sua formação, com uma abordagem mais centrada no corpo discente. “A proposta é que os estudantes aprendam de forma colaborativa e reflexiva e explorem a aprendizagem de forma híbrida, incorporando o auxílio de recursos eletrônicos às atividades presenciais apoiadas em projetos. A proposta inclui incentivar os alunos na busca do conhecimento, utilizando o espaço de interação com colegas e professores para discutir a aplicabilidade dos conceitos e propostas de resolução de problemas ou desafios que atendam às necessidades da sociedade, abordando as questões de forma interdisciplinar e com criatividade – a sugestão é adotar como eixo facilitador os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que são abrangentes o suficiente para dar espaço de reflexão sobre temáticas de qualquer currículo da graduação.”
Esses aspectos todos tem sido abordados num programa híbrido denominado Fórum RenovaGRAD, desenvolvido pelo [ea]2 com as coordenações de cursos, para auxiliar as discussões nas unidades em busca das suas propostas de renovação – que deverão ser apresentadas, em linhas gerais, em outubro, após debates internos e sugestões das faculdades. A pró-reitora reconhece que já existe um movimento nessa direção em muitos dos cursos e disciplinas de graduação da Unicamp, que deve ser facilitado e acelerado. “Sabemos que o estudante de hoje já não dá conta da forma mais tradicional de aprender, pautada na transmissão do conhecimento sem reflexão e aplicação. Vemos um percentual importante deles que se desestimula, muda para outro curso ou simplesmente desiste – estamos trabalhando com indicadores para acompanhar esse movimento. Na busca dessa renovação, outros projetos estratégicos são necessários para dar suporte, e um deles, em que estamos dispensando bastante energia no momento, é o GestaGRAD, para produzir e nutrir de informações os coordenadores de cursos e os diretores de unidades.”
A equipe do GestaGRAD, prossegue Eliana Amaral, vem trabalhando com dados estatísticos que incluem o desempenho dos estudantes (reprovação, evasão e fatores associados) para que os gestores acadêmicos possam pensar em intervenções de melhoria. “Estamos fazendo visitas a todas as congregações para apresentar dados como da admissão na Comvest: perfil dos ingressantes, desempenho no Enade e evolução dos indicadores de desempenho ao longo dos anos. Estamos vendo, por exemplo, uma tendência à redução da taxa de conclusão dos cursos no tempo mínimo previsto, que na Unicamp são de quatro ou cinco anos, com aumento no tempo médio de conclusão dos cursos. E as razões para isso precisam ser melhor entendidas”.
A pró-reitora esclarece que esta postergação da conclusão de curso – cuja duração máxima na Unicamp pode se estender por 50% de tempo a mais – se dá por motivos variados. “Em nossa graduação, cerca de 80% dos alunos concluem o curso ao final do tempo máximo, o que é uma taxa adequada. Fatores como o impacto do programa Ciência sem Fronteiras, estágios múltiplos ou dificuldades de adaptação à vida universitária e acadêmica podem estar contribuindo. Estamos trabalhando para entender esse processo e saber como melhor lidar com ele.”
Além do GestaGRAD, o RenovaGRAD também se apoia em outros projetos estratégicos, como formação para alunos de pós-graduação do Projeto de Estágio Docente, que prestam apoio ao ensino (PED +), bem como secretarias e coordenações de cursos (AssessoraGRAD). “Temos um pacote de medidas voltadas para renovação da graduação e apoio à permanência acadêmica. As bolsas do SAE [Serviço de Apoio ao Estudante] que oferecem auxílio financeiro, o apoio educacional ou acadêmico ao graduando e o apoio psicológico com suporte para lidar com dificuldades de aprendizagem, quando necessários, complementam as medidas de apoio à permanência. Os órgãos da PRG estão juntos nessa missão.”
Segundo Eliana Amaral, os cursos de Graduação já estão se mobilizando para as mudanças. A Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), que vinha num processo de discussão, já concluiu sua proposta para implantação em 2020. “Essa proposta já foi apresentada num projeto Capes-Fulbright de apoio a mudanças curriculares nas engenharias, na semana passada, e será a primeira a ser submetida à Comissão Central de Graduação da Unicamp. Já temos vários outros cursos com boas propostas de mudanças curriculares sendo desenvolvidas, como de Farmácia, Engenharia Química e Telecomunicações. Também há importante iniciativa de trabalhar, em disciplinas, com desafios identificados na própria universidade, na comunidade ao redor e nas empresas, a fim de motivar a aprendizagem, propondo soluções de forma colaborativa, em cursos do Instituto de Computação, da Faculdade de Ciências Aplicadas e da área da saúde, entre outras. Outro movimento importante visa valorizar a experiência que os alunos ganham em atividades extracurriculares, aproveitando essas ricas oportunidades de formação como créditos eletivos dos currículos.”