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O segundo encontro dos "Seminários de Inclusão Indígena na Unicamp Ciclo de Saberes Ancestrais" foi promovido na tarde da última terça-feira, dia 2, no Centro de Convenções da Unicamp. Idealizado pelo Grupo de Trabalho (GT) Indígena da Universidade, os debates têm subsidiado discussões sobre o ingresso e a permanência dos novos alunos que deverão ocupar as 72 vagas oferecidas no primeiro vestibular especificamente destinado a esse grupo. Sob o tema "A Universidade comporta a etno-diversidade?", convidados e público presente puderam debater aspectos da integração dos indígenas na Unicamp.
Durante a abertura do evento, o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, afirmou que "a Unicamp terá um desafio imenso pela frente com seu primeiro vestibular indígena e a boa notícia de mais de 600 inscritos, além da oportunidade de experimentar a aplicação de provas em outras regiões do país onde, até hoje, isso não tinha ocorrido". Para Knobel, os desafios a enfrentar não terminam por aí: "é preciso criar estratégias de acolhimento, permanência e sucesso destes estudantes dentro da Universidade, uma vez que todos aqui ganharão imensamente com os saberes que esses estudantes trarão e com a diversidade e que buscamos promover".
Para a Pró-Reitora de Graduação e presidente do GT Indígena, Eliana Amaral, "a permanência tem sido foco de nossas discussões e esses seminários apontarão caminhos para que possamos definir as melhores estratégias, dentro das possibilidades e limites que a Universidade e a legislação vigente nos impõem, para oferecer o melhor suporte possível a esses novos ingressantes", explicou Eliana.
Organizado pela professora da Faculdade de Educação (FE), Alik Wunder, os seminários contam com convidados de diferentes etnias e saberes indígenas em cada uma de suas edições. Participaram das atividades do dia o representante do Conselho Estadual dos Povos Indígenas, David Matim Guarani e a doutoranda em Ciência Política, Fabiane Medina. A mediação foi realizada pelo Professor Especialista Visitante, Daniel Munduruku.
O convidado David Matim Guarani destacou que "esse é um momento importante para a nossa história, onde vemos que há essa abertura para que os nossos povos também possam trazer seu conhecimento e sabedoria para os espaços acadêmicos". Já a aluna da Unicamp, Fabiane Medina, aponta que a partir do momento que passou a integrar o GT Indígena foi mudando sua percepção em relação à sua permanência no campus: "fui despertando em mim a importância de realizarmos encontros como este, que mostram que a abertura da Universidade não quer dizer só acesso; é preciso pensar também em muitos outros aspectos de suporte a esses estudantes", enfatiza Medina.
"O momento que vivemos no Brasil é um momento bastante sintomático de uma pequena revolução que vem acontecendo há quase 30 anos, desde a aprovação da constituição brasileira. Uma mudança que significou muito para vários povos indígenas porque foi, efetivamente, a primeira vez que o Estado garantiu a eles cidadania plena como brasileiros. Por isso, quando a Unicamp abre esse espaço para que os indígenas tenham um vestibular diferenciado, ela está cumprindo um papel cidadão de trazer a diversidade para seus campi e acolher, da melhor maneira que puder, dando possibilidades para que eles possam vivenciar a academia sem abrir mão de quem são efetivamente, considera Munduruku.
Dois novos encontros estão programados para compor a programação dos seminários até o final de 2018. São eles:
- 12/11 das 9h às 12h, no Auditório da Faculdade de Ciências Médicas, com o tema: "Entrei... e agora? - Projetos acadêmicos e permanência indígena"
- 13/12 das 9h às 12h, Centro de Convenções (CDC) da Unicamp debatendo o assunto: "As lutas pelos direitos indígenas: como criar alianças entre Universidade e movimento indígena?"
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