Um modelo de negócios feito por estudantes da Unicamp que atuam junto à Enactus, empresa sem fins lucrativos ligada à Universidade, sai do papel e dá passos largos para se tornar uma fonte de renda para quatro moradoras do Parque Itajaí, em Campinas, que estavam desempregadas. Após passarem por uma capacitação profissional na Vezo (Instituto de Moda, Campinas), um grupo de trabalho foi formado para a possível criação de uma empresa na área de corte e costura. Elas devem confeccionar sutiãs de baixo custo para mulheres mastectomizadas. Esta ação de empreendedorismo social foi recentemente contemplada por um edital da Prefeitura Municipal de Campinas e o projeto, batizado como Madrepérola, recebeu o valor de R$ 20 mil para ser aplicado à cooperativa, inclusive para a estruturação de um ateliê.
Na última quinta-feira (4), o grupo da Enactus apresentou, no evento Outubro Rosa no Hospital da Mulher – Caism da Unicamp, um protótipo de três modelos de sutiãs que poderão ser comercializados em breve pelas mulheres. Os sutiãs levaram em conta conforto à paciente, estética e preço acessível. Os modelos idealizados fecham na frente, para facilitar a sua colocação, e não têm ganchos, para não incomodar as mulheres mastectomizadas. Suas alças são mais largas e mais compridas para trazer uma melhor sustentação e trazem uma bolsa interna para colocação das próteses móveis. Agora um dos próximos passos é levar o protótipo para ser validado com mulheres mastectomizadas.
Um dos modelos criados foi feito na versão atlética para atender a um público mais jovem, que infelizmente hoje é acometido pelo câncer de mama. Outros modelos fazem a linha mais tradicional. No mercado, um sutiã semelhante a esse realizado pelas mulheres do Madrepérola acaba custando cerca de R$ 140,00. Os sutiãs propostos serão vendidos bem abaixo desse valor.
As empreendedoras do Parque Itajaí realizam suas atividades no Centro Comunitário do Parque Itajaí (Cecompi), onde elas também produzem necessaires e porta-jalecos, mas o carro-chefe serão os sutiãs. Por enquanto, o grupo fabrica outros tipos de produtos, de artesanato, para conseguir recursos para levar adiante o projeto. Quando o sutiã for concluído, com a qualidade necessária para atender às demandas, ele será inserido no portfolio de vendas do grupo. A ideia é que as empreendedoras tenham um negócio próprio para comercializar todos esses produtos.
Doze mulheres completaram o curso da Vezo há cerca de um ano. Quatro decidiram empreender neste momento. A Enactus também orientou-as com informações sobre vendas e plano de negócios, entre outros aspectos. Nessas capacitações, foram passados alguns conceitos sobre câncer de mama e empoderamento feminino. “Incentivamos a autonomia dessas mulheres e que trabalhassem numa área que realmente necessita deste produto, já que apenas 30% das mulheres mastectomizadas fazem reconstrução mamária”, revelou a aluna do time da Enactus, Jade Almeida Gomes.
Cássio Cardoso Filho, médico mastologista no Caism, está colaborando no processo com orientações sobre o câncer de mama e sobre os elementos que devem ser observados para a confecção de um sutiã. Esse trabalho, de extensão universitária, também conta com o apoio do Hospital da Mulher. Para saber mais sobre alguns projetos da Enactus, leia a seguir:
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