Sábado à tarde, um ônibus deixou o Hospital da Mulher – Caism levando 48 pessoas com destino ao Estádio Moisés Lucarelli, próximo à área central de Campinas. O grupo, que foi assistir ao jogo da Ponte Preta x CRB, chegou ao estádio com a missão de difundir o evento Outubro Rosa, com camisetas que tingiram de rosa as arquibancadas da área vip do Majestoso. Onze mulheres, pacientes do Caism, entraram em campo com os jogadores da Ponte Preta e, no intervalo do primeiro tempo, deram chutes a gol tendo o "gorilão" como goleiro. A Ponte Preta ganhou a partida por 1x0, com gol do jogador André Luís, no segundo tempo.
A paciente do Caism Denise Tomé, 41 anos, disse que ficou muito contente por participar dessa atividade. Ela revelou que está, agora, na fase do tratamento quimio oral do câncer de mama. Ela já retirou um quadrante da mama com esvaziamento axilar e agora se ressente dos efeitos da quimioterapia que são cãimbra e fadiga. Apesar disso, lá estava ela com outras pacientes sendo ovacionadas pelo público que compareceu ao estádio, em noite de chuva.
O presidente da Ponte Preta, José Armando Abdalla, enfatizou que a parceria com o Caism tem sido muito importante também para a Ponte Preta. “A Ponte procura fazer em cada época a inclusão de todos os segmentos sociais com seus apoios. O Outubro Rosa é um dos mais relevantes, pois essa é uma campanha de prevenção a uma doença que atinge milhares de pessoas em nosso país. Acreditamos que, com a conscientização e a prevenção adequadas, poderemos diminuir muito o risco dessa patologia”, comentou.
Aulus Cocholice, que já atuou como goleiro na Ponte Preta, estava no meio da torcida. Ele, que hoje é proprietário de um restaurante em Barão Geraldo, contou que foi fisioterapeuta por 40 anos. Aulus acredita que a campanha ajuda muito na conscientização da população. “O mês de outubro é importante para lembrar que a campanha acontece nesse mês, mas que todo dia é preciso cuidar da mulher e ela mesma deve procurar ajuda também nos outros meses. A campanha é como a alça de uma grande sacola que deve ser sustentada por todos. Nunca se pode deixar de lembrar dos outros 11 meses com ações e assistência incessante a essas mulheres”, frisou.
O fisioterapeuta disse ainda que normalmente com a retirada da mama perde-se a fisiologia do órgão e acaba-se com acúmulo de líquido residual. "Assim, a função muscular anatômica, no caso articular, fica comprometida, podendo ser observados encurtamentos, retrações e diminuição da força muscular. Então essa campanha é muito importante porque cada vez que isso vai sendo restabelecido, restabelece-se também a confiança da mulher”, expôs. "A pessoa sente que pode fazer algo partindo para o uso de uma prótese. “A deficiência do peitoral, que é o músculo mais envolvido, quase não é percebida no caso de se compensar com outros grupos musculares”, afirmou o fisioterapeuta.
Aulus contou que já atendeu mais 500 casos enviados para fisioterapia ao longo de 40 anos de atividade profissional.Trabalhou em São Paulo com um grupo de oncologistas nas décadas de 1980 até meados da década de 1990. Com essa experiência, ele mandou uma mensagem às mulheres: “Muita força e muita compreensão para o inexplicável. Mas saibam que essa doença tem cura, e tratamento. Vão em busca dele, pois é necessário que o câncer seja detectado precocemente e que seja levado a sério porque, cada dia que se leva a sério, é um ano que se ganha a mais de vida”, concluiu.
William Alexandre de Oliveira, funcionário do Caism, falou que a campanha do Hospital da Mulher tem alcançado mais adesões a cada ano e que isso já tem gerado uma demanda da sociedade, ou mesmo cobrança, para que o Outubro Rosa ocorra anualmente. "Temos conseguido uma maior participação de outras unidades da Unicamp, além de apoios de órgãos internos e da sociedade civil. Com isso, essa campanha já cresceu e tem tudo para crescer mais ainda", comemorou William que, ao lado de Raquel Berti, cuidam da Área de Relações Institucionais do hospital.