Desde meados de agosto o Instituto de Geociências (IG) da Unicamp recebe agentes da Defesa Civil que estão em treinamento. Eles participam do 11º Curso de Formação de Agentes de Proteção e Defesa Civil. Essa é a primeira vez que a unidade é parceira do curso, que deve ocorrer novamente na Universidade em 2019. A parceria surgiu através de vínculo estabelecido entre a Defesa Civil com docentes do IG e da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), e com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas em Agricultura (Cepagri) da Unicamp.
Além de capacitar servidores públicos municipais que atuam ou irão atuar como agentes em trabalhos internos ou de campo, o curso buscou assegurar a qualificação nas ações de proteção e defesa civil e na construção de cidades resilientes, que, a grosso modo, é a capacidade de se recuperar ou adaptar dos efeitos de um perigo. Também procurou consolidar os conceitos de cidade e comunidade resilientes, enfatizando a relação das pessoas com o território, sua percepção dos riscos locais e a preparação sobre seu enfrentamento. De acordo com Sueli Yoshinaga, o curso é parte das atividades acadêmicas e de extensão do Grupo de Estudos sobre o Ordenamento Territorial, Resiliência e Sustentabilidade (Geotres), que reúne professores e pesquisadores da Unicamp e profissionais da Defesa Civil.
Os agentes tiveram aulas com profissionais de órgãos públicos como a própria Defesa Civil, Emdec, Samu e Corpo de Bombeiros. Da Unicamp, participaram do curso as docentes do IG, Sueli Yoshinaga e Ana Elisa Abreu; o docente da FEC, André Argollo; e a pesquisadora do Cepagri, Ana Ávila. “Entramos com a parte do entendimento do meio físico – como acontece uma erosão, um alagamento, uma ruptura de talude, tornando as pessoas mais cientes dos riscos a que estão sujeitas, a partir de resiliência”, apontou Ana Elisa. Além das atividades teóricas, eles foram a campo para interagir com a comunidade. Tiveram treinamento para manejo da fauna urbana e silvestre, direção defensiva, ferramentas de monitoramento e alerta de desastres, entre outros.
De acordo com a coordenadora da Escola de Governo e Desenvolvimento do Servidor de Campinas, Marisa Córdoba Amarantes, o curso é referência no Estado e atende a agentes de vários municípios, não apenas da Região Metropolitana de Campinas. “Nós nos preocupamos não só em oferecer aprendizado técnico, mas também aspectos comportamentais e aspectos relacionados às perdas e luto, tão freqüentes em situações de desastres, e o fundamental: a defesa civil humanitária”, destacou.
Voçoroca em Casa Branca
Durante o curso, Ana Elisa Abreu, em nome do chefe de Departamento de Geologia e Recursos Naturais do IG, recebeu um documento da prefeitura de Casa Branca. A cidade tem voçoroca ao seu redor, que ainda está ativa. Por isso, a prefeitura manifestou o interesse em firmar convênio com o Instituto de Geociências, solicitando apoio técnico para ações necessárias à contenção dessas erosões, que apesar de sua beleza, trazem preocupação para os moradores que residem nas proximidades. “A prefeitura não tem corpo técnico para conter esse avanço sem que estrague a voçoroca. A ideia é preservar sua beleza, mas conter seu avanço”, disse Edson Florêncio, diretor da Divisão de Obras Públicas de Casa Branca e que participou do curso. Ana Elisa Abreu informou que é necessário verificar dentro da Unicamp qual o caminho jurídico para o convênio ser viabilizado. “Há interesse do IG em apoiar, pois são nossas áreas de pesquisa e de trabalho”, pontuou.