Elias Rodrigues Bastos tinha 13 anos quando se envolveu em uma briga de escola e, para não sofrer agressão, precisou sair correndo dos garotos. Naquele momento, conta o maratonista, percebeu que o seu destino era o esporte, mais especificamente, a corrida. De lá para cá o atleta reúne várias conquistas em competições importantes e, no último domingo (21), foi o vencedor da tradicional Volta da Unicamp. Ele correu 10 quilômetros em 34 minutos e 25 segundos. “É a primeira vez que participo da corrida da Unicamp, mas queria ter tido um tempo melhor. No momento estou atuando mais como treinador e personal, pois pretendo me aposentar em breve”, comentou Elias, logo que cruzou a linha de chegada.
Além de Elias Bastos, outros 18 competidores venceram em suas respectivas categorias. Para a entrega dos prêmios, estavam presentes o pró-reitor de Pesquisa, professor Munir Skaf e a pró-reitora de Graduação, professora Eliana Amaral. Conheça os vencedores de cada categoria.
Em sua nona edição, a Volta da Unicamp tem atraído cada vez mais praticantes da comunidade externa da Universidade. No início, a competição foi pensada para proporcionar aos docentes, alunos e funcionários um momento de integração e estimular a prática de atividade física. “Hoje já temos grande participação externa e o evento é tradicional na Universidade. Muitas pessoas reservam o calendário para a data”, explica Emerson Teodorico Lopes, assistente técnico de Unidade da Faculdade de Educação Física (FEF) e coordenador geral do evento. Além da FEF, o Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS) também participa da organização da corrida.
Logística – Nesta edição, o total de inscritos chegou a 1.850.Para organizar um evento deste porte, segundo Emerson, é necessária uma logística bem alinhada. São 52 alunos voluntários que trabalham na condição de staff em cinco pontos de hidratação do circuito, na entrega de medalhas e cronometragem do tempo. Além dos alunos, outros 15 funcionários também estiveram envolvidos no suporte de resolução de problemas. “São, em média, três meses para organização e no dia, o pessoal precisa chegar às cinco horas da manhã”.
O circuito corresponde a um percurso de 5 quilômetros, mas há a opção de fazer o trajeto duas vezes, o que consiste na prova de dez quilômetros. Também são abertas inscrições para aqueles que desejam realizar a prova apenas caminhando. “Dá trabalho, mas a gente faz com o coração. É uma festa bonita e gostosa de fazer”, afirma Emerson.
No sangue – Anísio Rodrigues machucou o joelho em uma das edições da Volta da Unicamp e nem por isso deixou de competir na 9ª edição. Ele foi o primeiro a chegar no percurso de 5k. “Não consigo deixar de correr, tá no sangue”, afirmou ele com uma fisionomia de dor. Ele fez o circuito em 16 minutos e trinta e nove segundos. Em sua trajetória, o atleta deixou a profissão e várias outras atividades para se dedicar à corrida. Mesmo com o joelho machucado ele participou de outras cinco provas este ano. De 2003 a 2010, fez parte da equipe do Laboratório de Bioquímica do Exercício (Labex) e, este ano pretende voltar.
Em busca de patrocínio – A farmacêutica Cristiane Agostinho, de Mogi-Mirim, foi a campeã nos 5k. Chegou pouco depois de Anísio e fez o percurso em dezoito minutos e quarenta e dois segundos. É a segunda vez que participa da Volta da Unicamp. Ano passado subiu no pódio em primeiro lugar na categoria 10k. “É muito gratificante participar de eventos como este”, destaca. Há alguns anos recebeu o convite para participar de uma corrida só para fazer volume e não parou mais. Mesmo em busca de patrocínio, ela se esforça para participar de outras competições no Estado de São Paulo. “Se tivesse patrocínio poderia fazer circuitos nacionais”.
Corrida inclusiva – Eles precisam de um aparato todo especial – cadeiras, roupas, suporte de enfermagem -, mas nem por isso falta disposição para Fernanda Ferreira e Adalberto Amaral participarem de competições. Eles fazem questão que seus filhos, Danilo, de 19 anos e Alex, de 7 anos, respectivamente, estejam presente em competições. Tanto Danilo como Alex têm paralisia cerebral e participam na categoria de corredores portadores de necessidades especiais.
“Já estivemos em outras edições e até alcançamos classificações como primeiro e terceiro lugar”, afirma Adalberto. Eles acreditam que o fato de abrirem a oportunidade de os filhos participarem inspira outras pessoas em situações semelhantes. Juntos, Renata e Adalberto, mantêm um blog e um site, denominado Somos Especiais, em que apresentam o universo do esporte inclusivo.
Primeira vez – Magali dos Santos Sávio era sedentária convicta. “Eu até cheguei a praticar exercícios, frequentar academia, mas há dois anos não fazia mais nada”, relata. Em abril deste ano, no entanto, Magali ficou sabendo de um projeto de pesquisa que estava sendo realizado na FEF. Ela se inscreveu e desde então participa como voluntária em uma pesquisa no Laboratório de Fisiologia do Exercício (Fisex), com as alunas Renata Gaberlini Duf e Keryma Chaves da Silva Mateus. Para encerrar sua participação no projeto com chave de ouro e incentivada pelas alunas, resolveu correr os 5k e conseguiu concluir o circuito. “Virei freguesa. Amei a experiência e pretendo fazer mais este tipo de atividade”, afirma.