Quatro meninas usaram o palco, e a arte, para dar um recado: “O morro não tem vez, mas se derem vez ao morro, o mundo inteiro vai cantar”. As alunas do curso de música da Unicamp, integrantes do grupo ElasElis, bolsistas do programa Aluno-Artista, fizeram uma releitura da interpretação de Elis Regina para a música de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Elas escolheram a canção para encerrar sua apresentação na abertura do “I Congresso de Projetos de Apoio à Permanência de Estudantes de Graduação da Unicamp”, no auditório do Instituto de Artes (IA).
O Congresso realizado nesta segunda-feira (23) apresentou os trabalhos feitos por bolsistas da graduação, apoiados pelo programa de permanência estudantil da Unicamp. No Ginásio Multidisciplinar foram expostos 238 projetos, no formato de pôsteres, envolvendo quase 500 autores. Participaram alunos que recebem três modalidades de bolsa: Bolsa Auxílio Social (Bas), Bolsa Auxílio Estudo e Formação (Baef) e Bolsa Aluno-Artista.
O projeto das alunas do curso de midialogia vai resultar no documentário Fios da Resistência, sobre a importância do cabelo e da transição capilar para a pessoa negra e a influência da internet como estímulo para quem desiste das químicas para manter seu cabelo original e crespo. Veja o trailer do filme:
O pôster da dupla de alunas da pedagogia mostrava os resultados das atividades de leitura desenvolvidas junto às crianças do Centro de Convivência Infantil (Ceci) da Unicamp. Outra aluna, da geografia, trabalhou em um mapa georreferenciado com informações sobre postes de luz e lixeiras no espaço da Moradia Estudantil da Unicamp.
Outro projeto realizou atividades para lembrar o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, em 27 de outubro. “A gente consegue verificar em vários estudos que existem doenças prevalecentes na população negra, como diabetes e hipertensão e que são agravadas e potencializadas por conta do racismo", afirmou Giorgia Carolina Nascimento, uma das autoras.
Promovido pelo Serviço de Apoio ao Estudante (Sae) e Pró-reitoria de Graduação (PRG), com apoio da Pró-reitoria de Pesquisa (PRP), o Congresso teve a manhã dedicada ao debate “Programas sociais de permanência estudantil na universidade: conquistas e desafios”, coordenado pela pró-reitora Eliana Amaral. Participaram os convidados Mário Sérgio Vasconcelos, da Coordenadoria de Permanência Estudantil da UNESP e Djalma Ribeiro Júnior, da Secretaria Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade, da UFSCar, além da coordenadora do SAE, Helena Altmann.
“As pesquisas têm demonstrado que os programas de apoio a permanência precisam viabilizar tanto um apoio social como um apoio que propicie uma inserção acadêmica dos estudantes dentro da universidade”, destacou a coordenadora do SAE. O congresso dá visibilidade aos projetos ao mesmo tempo em que apresenta para a sociedade o resultado da destinação de recursos públicos investidos na Unicamp.
Os trabalhos foram avaliados por uma comissão de pareceristas que escolheu trinta e cinco finalistas para a premiação dos quatro melhores nas categorias: relevância para a formação do estudante, relevância social, relevância para a universidade e inovação.
“Não me canso de me surpreender com o trabalho desenvolvido pelos alunos da Unicamp", comentou também na abertura do evento a professora Nancy Lopes Garcia, pró-reitora de pós-graduação da Unicamp. “Há projetos de preservação de documentos, projetos educativos de apoio a disciplinas de graduação e projetos que poderiam estar encaixados até como projetos de pós-graduação em vários temas”, complementou.
A pró-reitora de graduação Eliana Amaral falou sobre o protagonismo dos estudantes. “Nosso desejo é ver os estudantes envolvidos e engajados não só nessas atividades mas também nas atividades regulares acadêmicas e no currículo também”. De acordo com Amaral, o interesse de professores, funcionários e pesquisadores está aumentando em relação aos projetos. “A ideia do congresso foi qualificar a área dos projetos relacionados com a permanência estudantil que envolvem pesquisa, ensino, extensão e a interação das diferentes áreas da universidade”.
A música cantada pelas estudantes do grupo ElasElis também chamou a atenção da pró-reitora. “A música nos lembra de uma grande mudança que vamos ter no ano que vem com as novidades no acesso aos nossos cursos de graduação por diferentes formas como o vestibular comum, o Enem, as cotas, ou o vestibular indígena. A diversidade é parte do nosso DNA”, afirmou.
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