O Museu Exploratório de Ciências (MC) da Unicamp vai estimular uma série de ações voltadas à promoção de atividades práticas de ensino e aprendizagem para crianças e adolescentes. Aprender “colocando a mão na massa”, desmontando, criando e recriando coisas é o conceito dos makerspaces que estão surgindo no mundo todo. A agenda de iniciativas foi um dos resultados do evento “Hack, Make, Explore - Construção do conhecimento: novas gerações, novas práticas”, realizado pelo Museu nesta segunda-feira, 12, no Centro de Convenções da Unicamp em Campinas.
Resgatar as grandes feiras de ciências como espaços onde alunos possam apresentar seus projetos fora das escolas, oferecer ou dar continuidade aos cursos para professores sobre projetos didáticos e uso de ferramentas tecnológicas, e ainda, um mapeamento de políticas públicas, espaços, grupos e oficinas são algumas das propostas da agenda. De acordo com a diretora associada do museu, Paula Paro, outra experiência interessante que poderia ser replicada foi trazida pela prefeitura de Santos, que oferece microbolsas de estudo para alunos que desenvolvem seus projetos.
Na palestra de abertura o público conheceu o exemplo de uma escola onde se exercita a criatividade em tempo integral. Crianças e adolescentes da escola de inovação Nu Vu, sediada em Cambridge, nos Estados Unidos, trabalham em estúdios, motivadas por projetos que buscam soluções para problemas reais.
A professora e palestrante Saba Gohle contou que a Nu Vu nasceu a partir da vontade de se criar uma escola que pudesse “acomodar o futuro”. Ela destacou alguns dos projetos desenvolvidos na instituição voltados para a população com deficiências. Em um deles, um grupo de alunos criou um dispositivo que pudesse manter na posição ereta uma moça cadeirante que gostava de dançar. Gohle destacou que dos projetos surgem produtos, mas é o processo de construção do conhecimento que é considerado de fato importante.
Exposição
O aluno Mateus Rodrigues se inspirou no personagem Wall-E dos cinemas para criar o seu próprio robô, com restos de rolos de papel e teclados de computador. Mateus é aluno do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Santos e sua escola está recebendo o projeto piloto Box Maker, que reúne noções de programação e reaproveitamento de recicláveis. Ele estava expondo o trabalho durante o evento, na mostra que foi montada em frente aos auditórios do Centro de Convenções.
Pesquisadores e alunos da Unicamp explicavam sobre projetos de sistemas sócio-enativos desenvolvidos pelo grupo da professora Cecília Baranauskas, da Unicamp. Conceitos como tempo profundo, magnetismo e eletrônica estavam embutidos em instalações e sistemas como o da caixa “memoção”. “Você coloca a mão dentro da caixa e há botões,ada um com uma textura, para representar diferentes emoções. Quando apertamos um botão em uma tela interligada surge um meme correspondente”, explicou a pesquisadora Vanessa Maike. Este trabalho especificamente foi feito na disciplina que envolve a interação humano/computador.
Deixando de lado a área da computação e programação, a aposta da ONG Ecobrinquedoteca do Parque é no aprender brincando. A professora aposentada Tereza Miriam Pires Nunes levou para a exposição uma série de jogos feitos com tampinhas, recortes de tecidos, barbantes e recicláveis em geral. Zamira, como é conhecida, lembra que antigamente as crianças faziam na escola os presentes de datas festivas como Dia dos Pais ou Natal, até que tudo passou a ser comprado. Resgatar essa tradição também é cultura maker.