Tomaram posse, nessa segunda-feira (12), como diretor e diretor associado do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc) da Unicamp, Paulo Régis Caron Ruffino e Ricardo Miranda Martins, para o quadriênio 2018-2022. Eles substituem Francisco A. M. Gomes Neto e Maria Amélia N. Schleicher, que encerraram seu mandato à frente do Instituto. A cerimônia, realizada no auditório do Imecc, foi presidida pelo reitor Marcelo Knobel e contou com a presença da coordenador-geral da Universidade, Teresa Dib Zambon Atvars; da pró-reitora de Desenvolvimento Universitário, Marisa Beppu; do pró-reitor de pesquisa, Munir Salomão Skaf; e da pró-reitora de pós-graduação e professora da casa, Nancy Lopes Garcia.
Durante seu discurso de posse, Ruffino ressaltou a excelência da pesquisa em matemática desenvolvida no Brasil e, mais especificamente, no Imecc e seu potencial de crescimento. “Durante nossa gestão, gostaríamos de dar suporte a mais um impulso científico nos três departamentos. Científico não só no sentido da pós-graduação, mas também de produção de ciência, matemática, estatística, matemática aplicada e tudo que nos compete. Vejo que temos muito espaço para crescer. Precisamos aumentar nossa auto-estima científica e nos colocarmos, individual e coletivamente, em uma atitude de mais agressividade científica”, enfatizou.
O professor destacou ainda o custo relativamente baixo dos laboratórios do Instituto, que segundo ele não demandam mais do que cérebros, lápis, papel, informação e computadores. “Para fazer a universidade brilhar, com prestígio internacional, as ciências matemáticas são financeiramente muito mais baratas”, pontuou.
O novo diretor ressaltou, ainda, a importância de refletir sobre as parcerias internacionais. “Internacionalização por si só não basta. Fazemos nosso trabalho com excelência, queremos, portanto uma internacionalização com qualidade. Se nossos problemas e projetos forem relevantes para povos de outros países, ótimo. Unimos forças e uma colaboração natural surge”, afirmou. Segundo Ruffino, é necessário, contudo, pesar sobre o que, como e em que sentido pretende-se internacionalizar a pesquisa. Questionou, por exemplo, o compartilhamento de informações e descobertas sobre biodiversidade, doenças tropicais e modelos matemáticos para o petróleo, observando os interesses envolvidos. “Internacionalização é uma palavra que tem que ser dita com algum sobrenome”, sublinhou.
O reitor Marcelo Knobel, por sua vez, chamou atenção para os problemas do ensino de matemática no país. “Infelizmente, esse fantástico nível que a pesquisa em matemática e estatística que o Brasil atingiu não está conseguindo ser passado para a educação fundamental. Vivemos em nosso país um desastre no que se refere ao ensino de ciência e matemática”, lamentou.
Para ele, é papel fundamental da universidade pública colaborar com a formação de professores e a melhoria do ensino público. “Se não fizermos isso, estamos colocando em risco não só o nosso país, mas também não teremos futuras gerações de excelência de matemáticos e estatísticos”, afirmou. Knoble destacou os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), segundo o qual apenas 0,8% dos alunos teriam pontuação adequada para se inserir no ensino universitário. “Não adianta ter um milhão de vagas de engenharia, se não teremos alunos suficientes para passar em Cálculo 1”, avaliou.
O reitor citou, como exemplo positivo neste sentido, o Mestrado Profissional desenvolvido pelo Imecc e as atividades de extensão realizadas em parceria com a Sociedade Brasileira de Matemática. “Precisamos desse olhar para a qualidade da educação do nosso país. Do contrário, certamente, não teremos futuro”, concluiu.