A massificação da oferta de Ensino a Distância (EAD) no Brasil deveria ser substituída por outro tipo de massificação: a do direito e acesso aos cursos. Foi uma das colocações do presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) do Ministério da Educação e Cultura (MEC), Luiz Roberto Liza Curi, que esteve na Unicamp para uma palestra na tarde desta quinta-feira, 22. Ele foi um dos convidados do 2º Encontro sobre EAD na Área de Extensão da Unicamp, realizado no Auditório da Escola de Educação Corporativa da Unicamp (Educorp).
Antes da palestra houve uma mesa de abertura com o reitor Marcelo Knobel, o pró-reitor de Extensão e Cultura Fernando Hashimoto e o diretor de Extensão Wagner José Fávaro. O reitor Marcelo Knobel salientou a importância do debate sobre o assunto. “Temos a necessidade de discutir e rediscutir as maneiras como ensinamos seja no ensino presencial, semipresencial, ou nas ações de educação a distância”.
Liza Curi apresentou dados do senso da educação superior no Brasil para mostrar a expansão de matrículas na modalidade EAD nos últimos anos, superior ao aumento no ensino presencial. Ao mesmo tempo há um total de vagas ociosas que geram déficit de recursos, além de outros problemas como, por exemplo, menor oferta em regiões onde haveria mais demanda e maior oferta onde já existe um número significativo de instituições de ensino superior oferecendo muitas vezes os mesmos cursos na modalidade presencial. “Hoje a EAD ocupa, em grande medida, a vizinhança da educação presencial”, observou.
“Outra questão é a concentração por áreas. Algumas delas como direito, administração, pedagogia e contábeis predominam, são quase 40% do total. Tem de haver um processo de planejamento que consiga estimular outras áreas”, salientou.
Para Liza Curi o MEC tem a obrigação de estimular a inserção da EAD no âmbito das políticas de ensino institucionais. Ele afirmou que as instituições autônomas precisam adequar a oferta às expectativas da sociedade. “A expansão de vagas pelas instituições autônomas não se comunica com a sociedade e quem de fato se comunica com a sociedade são as instituições e não o MEC, que não tem condições de perceber as demandas da sociedade da mesma forma”.
O presidente do CNE questionou os objetivos para a oferta de novas vagas ou cursos. “Para que serve a EAD? Para derramar matriculas ou para construir um processo de formação adequado? Sob qual perspectiva curricular vai ser dar a Educação a Distância? O que nós vamos fazer para regionalizar a matrícula e qualificar áreas estratégicas em outras regiões sobre uma base curricular adequada? ”.