Um estímulo à produção de filmes: alunos de disciplina do curso de Midialogia exibem no Mis Campinas

Edição de imagem
Duas alunas aparecem sentadas. Uma opera a câmera e a outra olha para a frente
Gravação do documentário Noroeste 105.9: imersão na comunidade

No documentário "Noroeste 105.9" é possível conhecer um pouco do cotidiano das pessoas que colocam no ar a rádio comunitária Noroeste FM, localizada no bairro da Vila Boa Vista em Campinas.  O curta-metragem "Pulo" é sobre Alice, uma menina de 10 anos que esconde um segredo dos amigos. “O Homem que Virou Mídia” narra a história de um aposentado “engolido” pelos meios de comunicação. Os três filmes foram criados e realizados por alunos da Unicamp e compõem, junto com mais três produções, a mostra “Exibição de Curtas-Metragens – Projeto de Cinema I e II”, edição 2018, programada para o dia 6 de dezembro no Museu da Imagem e do Som (Mis) de Campinas.

O esperado dia da estreia será o início da “carreira” de cada filme pronto, mas também representa o final de um processo de ensino e aprendizagem que durou todo o ano. A proposta de realização dos filmes foi feita aos alunos das disciplinas de projeto de cinema, de responsabilidade do professor Noel dos Santos Carvalho, do curso de graduação em Midialogia, no Instituto de Artes (IA). Os alunos fizeram todo o trabalho até a exibição pública dos filmes. “Anteriormente nós não pensávamos o processo de realização e exibição, não avançávamos além dos problemas da produção. O que fiz foi apresentar para os alunos um fim que é a exibição desses filmes para a sociedade e trabalhamos com datas para as entregas”, afirmou Noel.

Desde que chegou para trabalhar na Unicamp o professor percebeu que havia um certo distanciamento entre teoria e prática, entre o que os alunos aprendiam e o que, de fato, acontecia no mercado. Havia um distanciamento ainda entre o que acontecia na Unicamp, em Barão Geraldo, e o que acontecia no centro da cidade onde a Universidade está sediada. Por isso o Mis foi o local escolhido, com o objetivo de ampliar o acesso da população de Campinas. “A ideia da mostra é entregar para a sociedade campineira o que fazemos aqui na Unicamp. Acho que existe um deslocamento da Unicamp em relação a cidade. O próprio fato de estar localizada em Barão Geraldo contribui para que não esteja inserida em seu contexto social”, reflete o docente.

Noel Carvalho aparece sentado segurando o cartaz da mostra do ano passado.
O professor responsável pelas disciplinas Projetos de Cinema I e II, Noel Carvalho

A mostra de cinema dos alunos já existia desde 2008, mas não de forma institucionalizada como agora. “O curso de comunicação social gira em torno dos eixos de humanidades, tecnologia e projetos ligados à arte. É um curso de projetos em que a gente planeja e executa produtos na área de educação, curtas, videoclipes, documentários até reportagem ou ensaio fotográfico”.

Os alunos que produzem e exibem seus filmes saem da universidade com um trabalho para ser mostrado. As produções, ficcionais ou documentais, percorrem festivais no ano seguinte ao da estreia. “Hoje formar um cineasta ou um documentarista é formar alguém que pensa uma intervenção na realidade do ponto de vista audiovisual. É alguém capaz de oferecer um produto que tem valor agregado do ponto de vista intelectual ou da informação” afirma o professor. Produzir cinema hoje, segundo Noel, é “menos a disponibilidade do equipamento e mais uma atitude ética em relação a construção da realidade”. Oferecer aos alunos a possibilidade de realizar e exibir seus filmes também é uma forma de ensinar maneiras de se relacionar esteticamente com a sociedade, por meio do audiovisual, acredita Noel.

Cada filme mobilizou equipes de até seis alunos diretamente, envolvidos nas direções de arte, fotografia, elenco, montagem, finalização, etc. “Noroeste 105.9” é o primeiro grande projeto dos alunos Juliana Mazza Pereira, Gustavo Garcia de Andrade, Tainá Monteiro, Angélica Ghilardi e Katheleen Costa. “Já realizamos diversos outros pequenos trabalhos para finalização de disciplinas, porém esse, com certeza, é o mais importante e o de maior porte”, conta Juliana.

O grupo planejou o filme, desde as funções que cada aluno exerceria até o contato com a rádio, passando pelo orçamento e o cronograma. “Entregamos no primeiro semestre o projeto escrito do filme, sua justificativa teórica e relevância social, junto a um detalhamento de todo o processo de produção, e em um formato de submissão para edital. Conseguimos angariar fundos para a realização com a venda de rifas. Todo o dinheiro que utilizamos veio dessas arrecadações”, relatou a aluna.

No segundo semestre foram realizadas as gravações e montagem do filme, com orientação do professor. Os alunos criaram inclusive a identidade visual do documentário e conteúdo para as redes sociais. Juliana considera de extrema importância a exibição para o público de Campinas. “Ocupar espaços fora da Unicamp é nossa obrigação como alunos de uma universidade pública que é incentivada a produzir conhecimento, arte e cultura para a sociedade. O que mais nos orgulha foi a relação que criamos com a Rádio Noroeste e seus diretores que são figuras importantes para a luta pela democratização da mídia em nosso país”, destacou a aluna.

Para o filme “Pulo” os alunos fizeram uma seleção de atores mirins da região para compor o elenco. A trilha sonora também foi composta especialmente para o filme. E não foi o único caso já que os alunos do curso de Música também participaram dos projetos.

folder da mostra com a programação e descrição dos trabalhos
Divulgação da mostra com descrição dos trabalhos e equipes

Exibição de curtas-metragens de Projeto de Cinema I e II - Midialogia

Quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
Horário
19:00
Museu da Imagem e do Som de Campinas

Rua Regente Feijó, 859 - Centro, Campinas
 

 

 

 

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Duas alunas estão na imagem, as duas sentadas. Uma operando a câmera e a outra olhando para frente

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004