A Diretoria de Coleções Especiais e Obras Raras (futura BORA) da Biblioteca Central César Lattes (BCCL) recebeu a sua primeira coleção de Livros de Artista que foram doados pelo Instituto de Artes (IA). São 155 obras de artistas plásticos do IA e alunos de Graduação e da Pós-Graduação, produzidas em disciplinas ligadas a produção do material, como Desenho e Gravura, ministrada pela professora Luise Weiss. A coleção inclui ainda catálogos e álbuns do tema adquiridos pela professora ao longo dos anos. Os Livros de Artista se diferenciam dos livros tradicionais por serem considerados uma obra de arte do autor. Pode ter formatos e tamanhos diversos, conter imagens ou textos e utilizar uma ou várias técnicas artísticas ao mesmo tempo como xilogravura, colagem, serigrafia, fotografia e, até mesmo, escultura.
"Para nós é um grande desafio para a gestão da coleção no ambiente da biblioteca de coleções especiais, tendo em vista as variações e peculiaridades encontradas nas obras. Isto torna complexo o processo de identificação, tratamento, difusão e preservação", explica a diretora das Coleções Especiais e Obras Raras, Maria Helena Segnorelli. Ainda assim, a bibliotecária acredita que a coleção enriquecerá sobremaneira o acervo, bem como oferecerá possibilidades inéditas de pesquisa e criação ao público interessado. Ela acrescenta que já estão estudando, adequando e desenvolvendo técnicas para trabalhar com a coleção, contando com apoio da literatura e de profissionais da área de biblioteconomia e artes. "Em especial, estamos contando com a experiência da Biblioteca Central da Universidade Federal de Minas Gerais, que mantém o maior acervo de Livros de Artista do país", comenta Maria Helena.
Parte da coleção recebida está exposta no térreo da BCCL até o dia 15 de março de 2019. A exposição foi montada de forma que o público poderá ter uma ideia exata do processo de trabalho desenvolvido pelo artista plástico. São nove vitrines que acomodam 53 publicações entre catálogos, álbuns e obras de artistas plásticos renomados, como Flávio Motta, Regina Silveira, Ligia Eluf, Alexandra Eckert, Edith Derdyk, Renina Katz e da própria Luise Weiss. A BCCL está aberta ao público das 7h30 às 22h45. Aos sábados e domingos, a Biblioteca é fechada.
Parceria – A doação dos livros foi possível a partir de uma parceria entre a Diretoria de Coleções Especiais da BCCL e o Instituto de Artes. A professora Luise foi quem viabilizou todo o processo, uma vez que o material estava acomodado em uma sala com espaço reduzido no IA. “Percebi que algumas publicações estavam se deteriorando”, comenta a professora. Assim, ela buscou na Universidade um local que pudesse acondicionar os livros de maneira adequada e implementar mecanismos de preservação de um material tão singular.
Luise está animada com a possibilidade de tornar público o acesso à coleção. Ela não tem dúvidas que o material abrirá novas frentes de pesquisas, além de viabilizar exposições e fóruns de discussões. “O Livro de Artista é, atualmente, produção constante na arte contemporânea”, enfatiza. A expectativa é que a coleção seja ampliada e outros professores possam doar material próprio. A ideia é também buscar edições limitadas em feiras de livros e aquelas que são produções autônomas.
Pesquisa – A mestranda Fabiana Grassano foi quem lançou o primeiro olhar sobre essa coleção. Ela elaborou o primeiro inventário para oferecer dados à catalogação por se apresentarem como objetos muito frágeis. A partir das informações, foi produzido um catálogo para disponibilizar ao público em geral. A coleção é objeto de sua dissertação de mestrado, orientada pelo professor Edson do Prado Pfutzenreuter.
Fabiana é graduada em Produção Editorial e há 20 anos atua como designer de livros. Seu primeiro contato com os Livros de Artista foi ao cursar a disciplina ministrada pela professora Luise Weiss, em meados de 2017. Decidiu, então, investir no tema por entender claramente a diferença das publicações. A característica principal, na avaliação da mestranda, seria a presença do artista em todo processo de produção. “Ele (o artista) faz parte do todo e a sua presença é fundamental em cada fase”, analisa.