Um dos projetos de pesquisa do Centro de Estudos de Petróleo (Cepetro) da Unicamp acaba de receber o Prêmio de Inovação Tecnológica da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na categoria de projetos desenvolvidos por universidades. Considerado o mais importante do país na área de petróleo, o prêmio está em sua quinta edição e premia universidades e empresas petrolíferas brasileiras em cinco categorias. Unicamp é a primeira universidade paulista a ganhar o prêmio e em parceria com a Shell, tradicionalmente concentrado nas instituições do Rio de Janeiro e na Petrobrás.
“Nosso projeto integrou as áreas de engenharia de reservatórios de petróleo e sísmica 4D. Desenvolvemos uma nova metodologia para integrar essas duas áreas para que os reservatórios de petróleo possam ser gerenciados de forma melhor”, explicou Denis José Schiozer, diretor do Cepetro e coordenador do projeto. Como uma tomografia a quilômetros de profundidade, a sísmica 4D produz imagens ao longo do tempo que possibilitam monitorar os reservatórios de petróleo, embasando decisões sobre onde e como perfurar.
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De acordo com Schiozer, a novidade do projeto desenvolvido pelo Cepetro foi usar os modelos engenharia de reservatórios para melhorar a leitura da sísmica 4D. “A indústria usa geralmente a sísmica 4D para melhorar os modelos, a gente fez também o inverso”, explicou.
Segundo ele, um diferencial do projeto foi incorporar as incertezas no desenvolvimento dos modelos matemáticos e trabalhar de forma probabilística. “As reservas de petróleo são muito profundas. Há propriedades que não conhecemos bem. Muitas vezes, temos que tomar decisões sem conhecer direito o problema e são decisões com altos custos. Por isso, desenvolvemos, nos últimos anos, modelos que incorporam essas incertezas. Rodamos centenas de modelos, ao invés de gerar apenas um modelo matemático”, descreveu.
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Além do prêmio da ANP, o projeto rendeu outros sete prêmios e mais de 40 publicações e envolveu professores, pesquisadores e estudantes de pós-graduação do Programa de Ciências de Engenharia de Petróleo, desenvolvido conjuntamente pela Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e o Instituto de Geociências (IG). Ele é fruto de uma parceria estabelecida com a Shell, por meio da lei que exige das empresas investimento uma porcentagem de seus impostos em pesquisas no Brasil.
O projeto entra agora em uma segunda etapa, que colocará à prova as metodologias desenvolvidas. “Se forem bem-sucedidas, as empresas terão muito a ganhar, pois poderão gerenciar melhor o campo, produzir mais petróleo e aumentar os lucros”, afirmou Schiozer. Alessandra Davolio, pesquisadora líder do projeto, destacou a relevância dos resultados do projeto para o cenário brasileiro. “Nossos campos do pré-sal envolvem altos investimentos. Qualquer informação que contribua para melhorar o posicionamento de poços, por exemplo, significam milhões de reais de lucro adicionais”, pontuou.
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