Em vez de esperar o próximo ônibus lotado basta acionar o aplicativo. O usuário recebe instruções para seguir até um ponto de reunião e um micro-ônibus ou uma van leva a pessoa até a estação de metrô mais próxima ou mesmo até um ponto de ônibus que seja mais desafogado. A ideia de usar o transporte por aplicativo para melhorar a mobilidade nas zonas periféricas de São Paulo, vencedora da maratona de inovação Inovathon 2018, da empresa Scania, foi de uma equipe de estudantes. Entre eles estavam os alunos da Unicamp Bruna Pazzanese, do curso de Engenharia Civil da Unicamp, e Igor Moraes, do curso de Engenharia Mecânica. O prêmio foi uma viagem para a Suécia que será feita em 2019.
Foram 700 inscritos para o Inovathon 2018 e apenas 25 estudantes selecionados após três etapas de provas. Os escolhidos foram divididos em equipes e, por afinidade, os alunos da Unicamp, que já se conheciam, acabaram na mesma equipe. O desafio lançado pela Scania foi encontrar uma solução para mobilidade em uma cidade de mais de 10 milhões de habitantes. A referência do grupo foi a cidade de São Paulo que Igor e Bruna já conhecem bem. Como o evento duraria 72 horas, sendo as últimas 24 de maratona, os estudantes foram para as ruas vivenciar as dificuldades da população em relação ao transporte.
“São Paulo cresceu a partir do centro e hoje a maioria da população mora na periferia onde a malha de transporte de alta capacidade não chega” afirma Igor. Os alunos dividiram a cidade em três regiões: central, intermediária e periférica. Entrevistando usuários do transporte público ouviram dos moradores das regiões central e intermediária somente elogios enquanto os moradores da zona periférica relataram muitos problemas. “Uma moradora me disse que todos os dias só conseguia embarcar no terceiro ônibus lotado que passava no ponto mais próximo dela”, relata Bruna.
No projeto idealizado pelos estudantes, batizado de MobiBus, o tempo de deslocamento da população que mora na zona periférica seria bastante reduzido. A questão da sustentabilidade também foi priorizada. O aplicativo garantiria mobipoints para aqueles que seguissem viagem de bicicleta, por exemplo. Outra ideia seria utilizar o combustível biometano em substituição ao GNV dos veículos. Os estudantes também imaginaram uma integração do aplicativo com outros meios ou modais, de iniciativa privada ou pública.
“A população que seria atendida pelo aplicativo gasta até quatro horas diariamente no transporte. Por esta razão muitos não conseguem estudar ou desfrutar da cidade. Reduzindo esse tempo gasto em trânsito essas pessoas também seriam reintegradas ao centro, poderiam desfrutar melhor da cidade e se sentir pertencentes”, destacou Igor.