O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp, órgão máximo deliberativo da Universidade, aprovou por unanimidade na manhã desta terça-feira (11) a Proposta de Distribuição Orçamentária (PDO) para 2019. De acordo com a PDO, que já havia sido aprovada anteriormente por outras duas instâncias colegiadas, a receita total da instituição para o próximo ano será de R$ 2,440 bilhões, sendo R$ 2,385 bilhões advindos do Tesouro do Estado e R$ 55 milhões originários de receitas próprias. O documento também projeta um déficit para o exercício da ordem de R$ 169,09 milhões, que será coberto pelas reservas estratégicas da instituição. A reitora em exercício, professora Teresa Atvars, considerou que a aprovação da matéria por unanimidade “é uma demonstração de que a comunidade universitária reconhece que temos problemas, mas que as propostas que estamos apresentando são boas para a Unicamp”. Na entrevista que segue, a docente fala sobre as ações que a Universidade continuará implementando para alcançar o equilíbrio financeiro.
Professora, que indicação a Unicamp dá à sua comunidade e à sociedade em geral com a aprovação do orçamento para 2019?
Penso que este orçamento contém alguns pontos importantes. Primeiro, nós estamos aprimorando, cada vez mais, um instrumento para dar mais transparência sobre as nossas receitas e despesas, relacionadas a cada uma das unidades e órgãos da Universidade. Segundo, nós estamos indicando neste orçamento uma substancial redução do déficit orçamentário, que vem sendo coberto com as nossas reservas de contingência. Este esforço tem sido muito importante porque mostra que é possível ter uma administração que seja comprometida com a sustentabilidade financeira e que ao mesmo tempo cuida para que a área acadêmica continue indo muito bem. E a Unicamp vai muito bem na sua área acadêmica, quer consideremos os indicadores relativos à graduação, à pós-graduação e à pesquisa, quer levemos em conta a avaliação dos rankings internacionais. Aprovar um orçamento por unanimidade, num ano difícil como o que tivemos, é uma demonstração de que a comunidade universitária reconhece que temos problemas, mas que as propostas que estamos apresentando são boas para a Unicamp.
Como tem sido conduzido este esforço em busca do equilíbrio financeiro?
Este esforço é coletivo. As medidas restritivas estão sendo tomadas, mas sempre garantindo que a área acadêmica não sofra prejuízos. É um esforço que vem dando resultado. É claro que sempre que identificamos algum problema em uma unidade, na área de assistência à saúde, na área acadêmica ou mesmo no âmbito da administração, nós procuramos resolvê-lo. Dessa forma, nós estamos fazendo contratação de pessoal pontualmente, sempre com muita responsabilidade. Também estamos fazendo contratação de professores quando identificamos lacunas.
Quais os desafios da Universidade para 2019?
Sem dúvida, nós estaremos diante de grandes desafios. A reforma da Previdência é um deles. Essa discussão longa em torno desse projeto produz consequências. Um exemplo é que muitas pessoas que não tinham intenção de se aposentar, passam a se aposentar precocemente por causa dos riscos a que julgam estar expostas. Então, temos esse grande desafio para o ano que vem, que é a identificação de quadros que precisarão ser repostos, medida que onera o orçamento. Nós já criamos um Grupo de Trabalho para tratar disso, do qual participam o reitor e a coordenadora-geral da Universidade. O objetivo é equacionar esta questão com muita responsabilidade, olhando para o déficit orçamentário, mas também para as necessidades da instituição.
Apesar das dificuldades apontadas pela senhora, o orçamento de 2019 prevê investimentos em áreas importantes, não?
Este é outro aspecto importante. Na proposta aprovada, nós temos recursos para planejamento de ações estratégicas e de infraestrutura, para manutenção predial, além de algum recurso para contratação de funcionários e docentes e para a valorização das carreiras. Então, não se trata de um orçamento que impeça o progresso da Universidade ou dos seus funcionários e docentes e nem que comprometa os esforços para a redução do déficit.
Como este déficit será absorvido pela Universidade?
É importante que as pessoas saibam que a Unicamp dispõe de uma reserva estratégica, e é com esta reserva que a Universidade tem coberto o déficit orçamentário. Através de ações prudenciais, estamos reduzindo esse déficit e nos aproximando do equilíbrio financeiro. Em 2019, estaremos mais confortáveis que em 2017 e 2018, mas nós não poderemos descuidar de uma gestão cautelosa, que procure solucionar os problemas de maneira adequada, sempre priorizando a formação dos alunos, a assistência na área da saúde e a produção acadêmica, de modo a responder da melhor maneira aos anseios da sociedade.