Em fevereiro quase 70 indígenas deverão estar na Unicamp para a confirmação da matrícula nos cursos em que foram aprovados no primeiro vestibular específico para os povos indígenas realizado pela Universidade. 2019 também será o ano em que um número maior de estudantes cotistas ou vindos de outros países vai circular pelo campus, mostrando que a universidade é lugar de diversidade. As crianças que frequentam os programas educativos da Unicamp já começaram a refletir sobre essa nova realidade. O programa Farra nas Férias incluiu este ano jogos indígenas e de base africana na programação das atividades de janeiro. Além disso uma pessoa refugiada deverá participar, contando sobre sua trajetória para a molecada.
Realizado desde 2007 o “Farra” é na realidade um projeto de extensão da Faculdade de Educação Física (FEF) voltado para filhos de funcionários e coordenado atualmente pela professora Olívia Cristina Ferreira Ribeiro. O objetivo, afirma a docente, é oferecer uma programação diversificada e diferente do que a criança já faz no cotidiano do Programa de Desenvolvimento e Integração da Criança e do Adolescente – Prodecad. O tema deste ano é “Jogar, Brincar, Recordar e Celebrar”. Podem participar crianças entre 6 e 12 anos matriculadas na escola estadual Sérgio Porto, que fica dentro da Unicamp, e que passam meio período no Prodecad em atividades complementares. As atividades de férias seguem até dia 31 de janeiro.
A professora Olívia destaca que o projeto é financiado pelo GGBS – Grupo Gestor de Benefícios Sociais da Unicamp e há ainda uma relação com a pesquisa e o ensino. “Atuam estudantes de educação física como coordenadores ou monitores e os que recebem bolsas têm que pensar em atividades para o programa. Temos inclusive uma aluna interessada em fazer um trabalho de conclusão de curso utilizando a experiência do Farra nas Férias”, disse. No ano passado a docente já apresentou um trabalho sobre o programa no Congresso Mundial de Lazer, em São Paulo.
“Eu vejo que aqui o pessoal constrói uma história. Algumas crianças estão vindo desde que entrei para trabalhar no programa, há três anos”, comenta Gustavo Alves da Silva, estudante do quinto ano de graduação em educação física e um dos coordenadores das semanas de atividades, ao lado dos estudantes Isabela Sestari e Gabriel Alves. “O começo do programa já é uma data marcada na agendinha deles”, conta Gustavo.
É o caso da dupla Ana Júlia Amaral Elói e Gabriel Floriano Matias, ambos com nove anos. Ana nunca se esqueceu do dia em que visitou a “Fazenda do Chocolate” em Itu, junto com o grupo do Farra. Agora está adorando brincar de “canibal” ou de esconder a rainha.
“Fiquei contando os dias para chegar (o Farra) mas só vou poder ficar até o dia 17”, lamentou Gabriel. Ele diz que fez novas amizades no programa e explica que ninguém fica sozinho. “Se chega alguém novo a gente fica junto com a pessoa”.
Outras novidades do programa este ano são a volta do acampamento noturno, quando as crianças dormem uma noite na FEF, e ainda a inclusão de mais passeios. Olívia Ribeiro destaca que as crianças ainda irão ao Sesc de Campinas, farão visitas à Mata Santa Genebra e ao Museu Catavento em São Paulo. O grupo também vai ao cinema com direito a muita pipoca.
O programa é realizado em parceria com o Restaurante Universitário, que oferece café da manhã, lanche e almoço e também com o espaço cultural da Casa do Lago, onde são realizadas várias atividades.