Diversão, conhecimento e método científico é o tripé sobre o qual se apoia o programa Férias no Museu realizado pelo Museu Exploratório de Ciências da Unicamp. Duas vezes ao ano, em janeiro e julho, o Museu recebe filhos e filhas de funcionários, professores e alunos da Universidade, com idade entre 7 e 14 anos, para dois dias de atividades lúdicas e educativas. “Primeiro, tem que ser divertido. Isso é uma coisa importante para a gente. Mas não basta ser divertido, queremos que as crianças saiam com os fundamentos de como a ciência opera”, explicou André Santanché, diretor do Museu.
Segundo o diretor, a preocupação do programa não com conteúdo, tendo em vista que todas as crianças que participam estão na escola, mas com uma compreensão de como é construído o conhecimento. “Falamos sobre o que a ciência conhece do mundo, mas também chamamos atenção para como a ciência alcançou esses resultados. Queremos trazer para eles o que chamamos de método científico”, afirmou.
O tema desta edição, Astronomia, foi escolhido pelos próprios participantes na edição anterior e a programação, pela primeira vez, foi inteiramente concebida por estudantes da Universidade, que trabalham como mediadores do Museu e voluntários do grupo Instituto de Pesquisa Científica.
Por meio de desafios e atividades práticas, foram oferecidas às crianças, por exemplo, noções sobre o tamanho dos planetas e as distancias entre eles. “Os participantes não sentam, não tem nenhuma aula, este ano. É sempre resolução de problemas e mão na massa”, relatou Douglas Sermarini, estudante do Instituto de Física Gleb Wataghin (Ifgw), mediador e um dos organizadores desta edição.
Dessa forma, as atividades buscaram colocar os participantes em contato com alguns dos problemas enfrentados pelos cientistas e estimulá-los a propor soluções. “Imagina que você fosse pousar em um planeta. O desafio é cair em pé sem derrubar os tripulantes. Eles projetaram o módulo da cabeça deles e colocamos umas bolinhas, como se fossem os tripulantes. Tinham que largar de certa altura e pousar sem derrubar as bolinhas. Eles planejaram, apresentaram o planejamento, construíram e testaram”, contou Santanché.
A programação incluiu ainda a projeção e o lançamento de foguetes. Montados com garrafas pet, durex e bexigas, os foguetes eram arremessados a mais de 9 metros de distancia. “Não tem fogo, apenas pressão de ar e água. A pressão do ar expele a água com força e arremessa o foguete”, explicou o diretor. Segundo ele, os participantes tinham que fazer vários testes, variando a quantidade de água e pressão do ar, buscando a combinação que impulsionasse o foguete a ir mais longe sem desestabilizá-lo.
Ellen Freitas Barban, 13, filha da analista de sistema do Hospital das Clinicas, Lídia R. C. F. Barban, veio a todas as edições do Férias que pode. “Eu gosto muito porque é uma coisa diferente. Nas colônias de férias, você só faz exercício, não aprende. Eu sou uma pessoa que gosta muito de aprender e ampliar meu conhecimento. Nunca pensei em lançar um foguete! Foi muito divertido”, contou.
Para ela, o Férias foi também uma oportunidade de conhecer possibilidades de áreas de estudo e pensar na sua carreira profissional. Apesar de estar adorando a programação desta edição, ela descobriu que não quer ser astrônoma e que continua encantada com o trabalho dos biólogos, que conheceu na edição passada. “Quero estudar biologia na Unicamp e trabalhar no herbário”, garantiu.
O Férias no Museu vai até sexta-feira (25), sempre as segundas, terças, quintas e sextas, em grupos divididos por faixa etária. A conclusão das atividades de cada grupo será seguida de uma aula aberta de astronomia e observação dos astros. As próximas sessões dessa atividade acontecerão nos dias 18, 22 e 25, após às 18 horas. São gratuitas e abertas a toda comunidade.