Um grupo formado por 171 estudantes de computação do Brasil e de alguns países da América Latina está reunido desde o último dia 21 de janeiro no Instituto de Computação (IC) da Unicamp, onde participa da Escola de Verão da Maratona de Programação 2019 (Brazilian ICPC Summer School). O evento, que terá continuidade até 2 de fevereiro, é promovido pela Sociedade Brasileira de Computação em parceria com o IC. Ao longo de duas semanas, o grupo participa de aulas práticas e teóricas e assiste a palestras ministradas por representantes de empresas patrocinadoras. “Nosso objetivo é treinar esses estudantes para participarem tanto da Maratona de Programação quanto da ACM International Collegiate Programming Contest (ACM ICPC), maior competição de computação do mundo, marcada para ocorrer entre 31 de março e 5 de abril na cidade do Porto, em Portugal”, explica o professor Rafael Schouery, um dos integrantes do comitê organizador da Escola de Verão.
De acordo com o docente do IC, esta edição conta com a participação de sete instrutores, sendo cinco deles brasileiros e dois russos: Andrew Stankevich e Adam Bardashevich. Durante as atividades, que ocorrem de segunda-feira a sábado, os estudantes participam de simulações de competição com duração de cinco horas. “O treinamento é intenso. Eles são colocados diante de problemas desafiadores, semelhantes aos que enfrentarão numa maratona ou olimpíada”, afirma Schouery.
A intenção, prossegue o docente, é exercitar as habilidades dos estudantes, bem como o seu pensamento lógico. “Além disso, nós dividimos os alunos em equipes com três integrantes cada uma. Como cada equipe pode utilizar somente um computador, isso também incentiva esses jovens a trabalharem em equipe e a planejarem melhor as suas ações e estratégias”. Dos 171 inscritos, há 11 brasileiros que disputarão a final do ACM ICPC em Portugal. O grupo conta ainda com medalhistas olímpicos em computação, como Yan Victor Guimarães e Frederico Bulhões Ribeiro.
Ambos integram a primeira turma de estudantes que estão ingressando na Unicamp por meio do critério das Vagas Olímpicas, que dispensa a porta do Vestibular. Os dois destacam a importância da realização da Escola de Verão como forma de preparação para futuras competições na área. “As aulas e as simulações são muito interessantes. Além disso, tem também o contato com professores e estudantes de outros países, o que enriquece ainda mais o aprendizado”, considera Yan, que veio de Fortaleza.
Para Frederico, que também é da capital do Ceará, outro aspecto importante é a oportunidade que os participantes têm de manter contato direto com representantes de grandes empresas patrocinadoras, como Google, Microsoft e Samsung, apenas para citar três exemplos. “Essa interlocução pode eventualmente abrir portas para um estágio”, imagina. Nem Yan e nem Frederico sabem ao certo a que área da computação vão se dedicar profissionalmente. “Eles ainda terão um bom tempo para definir isso”, tranquiliza Jonathan Queiroz, um dos instrutores da Escola de Verão.
Formado em Ciência da Computação pela Universidade Federal da Bahia, ele participou de edições anteriores do evento e foi finalista mundial do ACM ICPC em 2016 e 2017, além de medalhista de ouro e prata na Maratona de Programação. “A Escola de Verão permite uma troca de experiência incrível entre os participantes. Durante duas semanas, muitos dos melhores estudantes de computação da América Latina convivem aqui na Unicamp de forma intensa tanto nas salas de aula e laboratórios, quanto nas atividades de cunho social”, assinala.
A presença de mulheres entre os participantes da Escola de Verão ainda é pequena, mas elas também estão presentes no evento, demonstrando talento e alto domínio técnico. “Nós estamos pensando em maneiras de ampliar a presença feminina na Escola de Verão porque entendemos que a participação delas é muito importante para o desenvolvimento do conhecimento em todas as áreas”, adianta o professor Schouery.