Todo ano eles fazem tudo sempre igual: se sacodem por volta das 6h da manhã e rumam para os campi da Unicamp para fazer a confirmação da matrícula para os cursos de graduação escolhidos. Nesta segunda-feira (25), a rotina se repetiu mais uma vez. Mas se a inevitável burocracia da admissão à Universidade tem tom de déjà-vu, as histórias de vida dos calouros são absolutamente originais, a maioria coroada pelo ineditismo do ingresso numa das melhores escolas de nível superior da América Latina. “O sentimento é um misto de ansiedade, medo e entusiasmo”, definiu Lucas Costa logo após sacramentar sua vaga no curso de Física.
Natural de Botucatu, Lucas circulava pelo Ciclo Básico 2 (CB-2), onde está instalada a Diretoria Acadêmica (DAC), acompanhando de Renan Augusto da Silva, ingressante em Engenharia Química, e Danilo Mendonça, calouro da História. Questionados se já se conheciam anteriormente, os três disseram que não. “Nos conhecemos aqui e já nos tornamos amigos. É melhor fazer as coisas acompanhado que sozinho”, justificou Renan.
O trio disse ter pesquisado informações sobre a qualidade do ensino oferecido pela Unicamp antes de decidirem prestar o vestibular. “Eu, por exemplo, consultei o RUF [Ranking Universitário Folha, elaborado pelo jornal Folha de S. Paulo]. Fiquei entre Unicamp e USP, mas acabei optando por aqui”, explicou Danilo. Logo após a confirmação da matrícula, os três amigos percorreriam o campus de Campinas para acompanhar a programação da Calourada. No próprio CB-2, estava montada uma mostra com ações relativas ao Projeto Campus Sustentável, desenvolvido em parceria com a CPFL Energia.
Em família
A entrada em uma universidade pública de qualidade é uma conquista para ser oficializada – e comemorada – em família. Foi exatamente o que fizeram Maria José Queiroz e Genivaldo Bonfim de Souza, moradores de São Paulo, que acompanharam a filha Manuela Queiroz nos procedimentos de confirmação de matrícula. A estudante vai curar Licenciatura em Física. “Eu venho da escola pública, e entrar na Unicamp é a realização de um sonho. O que parecia distante se tornou real. Sinto que vou viver aqui uma grande experiência”, inferiu Manuela.
Para os pais, ver a filha iniciando numa nova fase gera sentimentos díspares. “Vai ser difícil acordar e ver a cama da Manuela vazia, mas a gente sabe que é para o bem dela. Somos humildades e não teríamos condições de pagar uma universidade particular para ela. Estamos felizes que ela tenha sido aprovada na Unicamp”, afirmou Maria José. “A gente cria filho para o mundo. No que depender de nós, vamos fazer tudo o que for possível para que ela tenha sucesso nos estudos”, completou Genivaldo.
Quem também estava acompanhado pelo pai era o recém-admitido em Engenharia Mecânica, Lucas Eduardo Silva, morador de Iperó-SP, que também se confessou ansioso em relação às experiências que viverá como universitário. “A sensação é de que a vida está, de certa forma, começando de novo”, comparou. Orgulhoso, o pai, Enéas Rodrigues Silva, soltou um sorriso tranquilizador, para emendar em seguida: “Vamos estar na retaguarda para ajudar no que for possível”. Perguntado se já tinha definido onde morar, Lucas apressou-se. “Nossa, é mesmo, vou correr atrás disso agora”, situou-se. Animado, despediu-se e seguiu determinado rumo ao que convencionamos classificar como “futuro”.
As primeiras
O reitor Marcelo Knobel aproveitou o dia reservado à confirmação da matrícula para receber em seu gabinete duas calouras, ambas primeiras colocadas nas modalidades de ingresso “Vagas Olímpicas” e “Cotas Étnico-Raciais”: Mariana Bagni e Natália Sena Oliveira da Silva, respectivamente. A primeira colocada no “Vestibular Indígena” também foi convidada, mas teve um contratempo e não pôde comparecer.
Na ocasião, o reitor deu as boas-vindas às estudantes e desejou que elas se adaptem rapidamente à vida universitária e tenham um bom desempenho nas carreiras escolhidas. Mariana ingressou em Engenharia Elétrica e Natália, em Medicina, dois cursos altamente concorridos. Knobel também aproveitou a oportunidade para fazer um convite às garotas, ambas nascidas na cidade de São Paulo.
Segundo o reitor, no próximo dia 11 de março a empresa de consultoria Egon Zehnder promoverá um evento em São Paulo para homenagear o Dia Internacional da Mulher, comemorado oficialmente no dia 8. Na ocasião, líderes de várias áreas, como executivos, reitores e empresários, participarão, junto com suas filhas, netas ou sobrinhas acima de 15 anos, de uma reunirão na sede da Google, em São Paulo, quando farão reflexões sobre a atuação da mulher nas diversas áreas de atividade humana.
“Como minha filha tem somente 10 anos, pensei em convidá-las para me acompanharem nessa atividade. Penso que pode ser muito interessante para todos nós”, manifestou Knobel. Tanto Mariana quanto Natália confirmaram presença no evento. Ambas revelaram que sempre tiveram a intenção de vir estudar na Unicamp. “O desejo se cumpriu e está sendo melhor do que eu esperava. Estamos sendo muito bem recepcionadas pela Universidade”, garantiu Natália. “Verdade, os calouros têm sido muito atenciosos conosco”, completou Mariana. Também participaram do encontro a pró-reitora de Graduação, Eliana Amaral, e a assessora do Gabinete do Reitor, Dora Kassisse,
Confira a programação da Calourada