Observatório Latino-Americano da Unicamp faz 1º Encontro Internacional

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Objetivo do OLA é inserir a Unicamp como centro de pensamento sobre temáticas da América Latina
Objetivo do OLA é inserir a Unicamp como centro de pensamento sobre temáticas da América Latina

Aconteceu nesta quinta-feira o I Encontro Internacional do Observatório Latino-Americano da Unicamp, com a meta de promover a inserção da Universidade como centro de pensamento e interpretação de fenômenos históricos, políticos, sociais, econômicos, culturais, educacionais e científicos do continente latino-americano. “Universidade, democracia e sociedade” foi o tema do evento realizado no Centro de Convenções , tendo uma comissão organizadora composta pelos professores José Alves de Freitas Neto (IFCH), Miriam Gárate (IEL), André Kaysel (IFCH), Nora Krawczyk (FE) e Mônica Zoppi (IEL).

O Observatório Latino-Americano (OLA) surge com a proposta de dar visibilidade às atividades de ensino, pesquisa e extensão relacionadas a temáticas latino-americanas, criar um espaço de referência sobre tais temáticas, consolidar a circulação de professores e estudantes e impulsionar a interação e cooperação com outras universidades como parte da estratégia de internacionalização da Unicamp junto a seu público mais comum, que são os latino-americanos. 

“A Unicamp tem uma histórico de professores que vieram dos demais países da América Latina desde seu ato de fundação até hoje, mas apesar de se destacar nos rankings, ainda não possuía um espaço em que pudesse congregar reflexões conjuntas e multidisciplinares sobre temas relacionados ao continente”, afirma José Alves de Freitas Neto, do comitê organizador. “Mesmo que as políticas públicas internacionais, atualmente, estejam bastante desfavoráveis ao cenário latino-americano em termos dos questionamentos em relação à integração, nós supomos que, mais do que nunca, as instituições têm um papel para assegurar essa integração”.

O professor do IFCH considera que criar o OLA é reconhecer e dar valor a esta cultura e aos saberes e identidades das universidades da América Latina, num momento em que o cenário político no continente como um todo mostra-se bastante complexo. “O tema escolhido para este primeiro encontro é ‘Universidade, democracia e sociedade’ porque não existem democracias consolidadas se não temos universidades livres e autônomas no modo de organização e, principalmente, na liberdade de pensamento e de cátedra.”

Para o reitor Marcelo Knobel, que deu total apoio para a criação do Observatório, a ideia é começar um trabalho maior de integração com a América Latina, já havendo negociações para parcerias com instituições como a Universidade de Buenos Aires (UBA), de Los Andes (Colômbia), do Chile e Católica do Chile. “É uma oportunidade de voltar às origens da Unicamp, que durante muito tempo recebeu gente vinda de diversas regiões do continente que viviam situações complicadas. Eu cheguei aqui com meu pai em 1976, quando fecharam a UBA, e trago comigo toda a experiência difícil de migrar, mas viemos para um lugar onde fomos bem recebidos e estabelecemos nossa vida. Isso faz a diferença. Dentre todas as questões – formação, pesquisa, acesso, inclusão – temos que retomar a discussão sobre a identidade de uma educação superior na América Latina e de que maneira podemos avançar, apesar desses tempos difíceis”, disse na cerimônia de abertura, em espanhol.

Patricia Fundes, da Universidade de Buenos Aires, concedeu a conferência de abertura
Patricia Fundes, da Universidade de Buenos Aires, concedeu a conferência de abertura

Conferência

A conferência de abertura do seminário foi concedida por Patricia Funes, professora de história social latino-americana da UBA, que tratou das relações entre universidade, democracia e sociedade no continente. Em sua opinião, a criação do Observatório da Unicamp é uma notícia auspiciosa. “Em princípio, porque há um processo de internacionalização e é uma boa ideia convocar os estudantes da América Latina que aqui estudam para participar do Observatório. Segundo, porque há uma série de temáticas comuns sobre o continente que requerem parcerias solidárias, que confluam de maneira sinérgica, sendo este um excelente começo para viabilizar projetos conjuntos.”

Sobre o momento político, a professora da UBA opina que ele é difícil sobretudo na América do Sul, visto que considera o México como um caso inverso. “É um processo seriamente regressivo, em que o Estado corta o financiamento em ciência e tecnologia quando as primeiras gerações de jovens que não haviam tido universitários em suas famílias puderam ingressar na universidade. Essas políticas em que prevalecia a convicção de que estudos universitários não são um privilégio, e sim um direito, estão sendo questionadas por causa de aspectos mercantilistas, com lobbies de instituições privadas. Pessoalmente, estou muito preocupada com esta situação, mas creio também que a sinergia das universidades públicas faça frente a esses desafios e embates.”

O professor Mariano Laplane, diretor de Relações Internacionais da Unicamp, vê a materialização da ideia do Observatório Latino-Americano como extremamente oportuno. “É um esforço meritório por nuclear as atividades de pesquisa e ensino dos professores que atuam na Universidade em torno da temática da América Latina. Nuclear para dar visibilidade e também para dar densidade e abrir espaços importantes de cooperação com outras universidades da região – que vivem um momento difícil: além dos questionamentos relativos ao orçamento, vemos o questionamento da própria legitimidade do conhecimento que produzem. Isso é fonte de perplexidade, angústia e até mesmo de pânico.”

Marcelo Knobel, ladeado por Mariano Laplane e José Alves de Freitas Neto, na recepção ao público
Marcelo Knobel, ladeado por Mariano Laplane e José Alves de Freitas Neto, na recepção ao público

Atividades

Freitas Neto informa que o intuito do comitê do OLA é organizar uma série de atividades congregando tanto aspectos científicos como culturais, além de estar em diálogo com a sociedade como um todo. “O OLA é uma rede transdisciplinar que envolve professores de diversas unidades. As atividades, possivelmente mensais, terão focos diferenciados, como grupos de leitura e de estudos, pois queremos que os estudantes de intercâmbio venham nos apresentar suas realidades. Já temos para maio um evento no IEL sobre Ricardo Piglia, importante escritor argentino; em junho, vamos oferecer um curso para professores da rede de ensino fundamental e médio; e, para agosto, está prevista uma mostra de filmes latino-americanos. Teremos também painéis sobre temas importantes do cotidiano da América Latina, como a crise na Venezuela, que fazem falta aos brasileiros.”

Veja mais sobre o tema na reportagem da RTV Unicamp.

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Patricia Fundes, da Universidade de Buenos Aires, concedeu a conferência de abertura

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004