Pesquisador da NASA visita Unicamp e fala como o projeto ECOSTRESS pode ajudar o Brasil

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O pesquisador da NASA Simon Hook compartilhou com a comunidade acadêmica da Unicamp na última quarta, 10, informações sobre o projeto que lidera na agência americana, o ECOSTRESS. Hook mostrou como o projeto surgiu e como o uso de seus dados pode ajudar as pessoas, inclusive o Brasil. Também falou sobre o instrumento Hytes, que fica a bordo de um avião e que permite ter imagens mais detalhadas da superfície terrestre. Estudos dos dois projetos durarão anos, mas o cientista trouxe resultados iniciais já obtidos, além de mostrar os passos futuros.

O professor do Instituto de Geociências, Carlos Roberto de Souza Filho, que fez o convite a Simon para a palestra na Unicamp, participa como membro da equipe internacional do projeto.  “Havia o mesmo projeto para três aplicações: uma para vulcões ativos, uma para queimadas e uma para evapotranspiração. Decidiu-se nos encontros iniciais que a evapotranspiração seria a área mais interessante para funcionar como aplicação chave no projeto. Entretanto, há várias outras aplicações que fazemos com dados termais, muitas das quais em Geologia”, explica o professor. Segundo Carlos Roberto, há outros projetos aplicados na NASA já financiados para aquisição de dados no Brasil, na Bolívia e na Austrália em áreas de prospecção de petróleo, por exemplo.

Professor do Instituto de Geociências, Carlos Roberto de Souza Filho
Professor do Instituto de Geociências, Carlos Roberto de Souza Filho

ECOSTRESS

 “A ideia por trás do ECOSTRESS é entender quanto de água as plantas estão usando. Sabendo isso, podemos usar a informação para fazer melhores trabalhos em áreas como a agricultura. Podemos, por exemplo, ver quanto de água as plantas estão usando para decidir quanto precisamos irrigar, obtendo o máximo de comida com a menor quantidade de água”, informou Simon ao Portal da Unicamp.

O projeto foi proposto em 2014 e entregue à Estação Espacial Internacional em junho de 2018. “Foi um desenvolvimento rápido e de baixo custo se comparado a outros projetos similares da NASA”, destacou. O cientista também revelou que resultados preliminares identificam que o equipamento está funcionando bem. Já conseguiram extrair algumas informações importantes com os dados levantados. “Um dos benefícios já apontados é que o equipamento foi desenhado para definir a temperatura das plantas, mas consequentemente foi utilizado também para medir a temperatura de outros alvos na Terra. Podemos, por exemplo, analisar as regiões de vulcões ativos e avaliar se está muito quente ou não, se está perto de ocorrer uma erupção”, destacou o cientista da Nasa.

Brasil

Segundo Simon, “o Brasil é muito interessante para nós por conta de sua vegetação. Também porque podemos analisar queimadas. Podemos identificar quando a queimada começou, como se espalhou ou como o gás emitido foi para a atmosfera”.  Segundo o cientista, a Anomalia do Atlântico Sul produz muita radiação que não é boa para o instrumento. “Temos que desligar os instrumentos quando passa pelo sul do país por causa dessa radiação. Agora vamos usar um tipo de “filtro” que nos permitirá ter mais detalhes sobre o Brasil”, declarou.

Pesquisador da NASA Simon Hook
Pesquisador da NASA, Simon Hook

Ainda assim o ECOSTRESS conseguiu registrar uma imagem da área da Fazenda Tanguru, no Alto Xingu, onde foi realizado o mais longo experimento com fogo controlado em florestas tropicais do mundo. A imagem feita em julho de 2018 mostrou que ainda há pequenos sinais do experimento. “Pode-se ver que a área ainda não foi totalmente recuperada”, informou Simon. 

Unicamp

De acordo com Carlos Roberto, no outro projeto apresentado por Simon na palestra, o Hytes, há dois alunos de pós-doutorado do IG trabalhando com os dados. “O Hytes cobre uma faixa grande do espectro emissivo (termal) com centenas de bandas espectais  e com uma detecção muito mais precisa”, apontou o docente.

Público
Público que participou do evento

É a quarta vez que Simon Hook vem ao Brasil e a segunda na Unicamp. Ele conheceu Carlos Roberto em 2003, num simpósio sobre sensoriamento remoto. Desde então os dois vem trabalhando juntos em projetos da NASA. “Tem sido uma parceria muito boa. Temos trabalhado em projetos que envolvem alunos da Unicamp que são capacitados para trabalhar com nossos dados. É fantástico vir à Unicamp para compartilhar essa experiência. Nós continuaremos essa troca de experiência entre a Universidade e o JPL por muitos anos”, disse o cientista.

Simpósio Internacional

Simon e Carlos Roberto foram convidados para montar uma seção como coordenadores no Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, entre os dias 14 e 18 de abril, em Santos, quando tratarão de novos sensores que deverão ser lançados nos próximos anos. “Simon vai falar de sensores termais e eu vou falar de hiperespectrais que operam na faixa do espectro ótico, que é comprimento de ondas mais curtas”, destacou Carlos Roberto. O docente do IG também coordenará a seção de sensoriamento remoto geológico, área na qual tem expertise. “Como a Unicamp é uma referência mundial nessa área, a maior parte dos convidados pela organização do congresso é formada por ex-alunos da Universidade. É a primeira vez que eles serão os keynotes speakers no principal evento de sensoriamento remoto do Brasil”, disse.

Veja o que saiu sobre o assunto:

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004