A Unicamp, a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) receberam na noite desta quinta-feira (25) o Prêmio Péter Murànyi, na categoria Ciência e Tecnologia. As três instituições conquistaram a primeira colocação pelo desenvolvimento do aplicativo SOS Chuva, que permite ao usuário ter acesso, a partir de um telefone celular e de forma gratuita, à previsão imediata sobre eventos extremos, como uma tempestade. A pesquisa que deu origem à ferramenta contou com o apoio da Defesa Civil e com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A cerimônia de entrega da premiação ocorreu em São Paulo, no Espaço Apas, pertencente à Associação Paulista de Supermercados.
O Prêmio Péter Murànyi é promovido anualmente pela Fundação de mesmo nome. A edição de 2019, a 19ª desde que a iniciativa foi criada, contou com 140 concorrentes. Além do SOS Chuva, foram contemplados em segundo e terceiro lugares, respectivamente, um projeto de melhoramento da aveia, realizado pelos professores Luiz Carlos Federezzi e Marcelo Teixeira Pacheco, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e um estudo que resultou no desenvolvimento de um medicamento anti-inflamatório a partir do óleo essencial extraído de uma planta popularmente conhecida como maria-milagrosa. A pesquisa que ficou na terceira colocação foi coordenada pelo professor João Batista Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Ao todo, o Prêmio Péter Murànyi concedeu R$ 250 mil aos projetos vencedores. O primeiro colocado recebeu R$ 200 mil. O segundo e o terceiro receberam R$ 30 mil e R$ 20 mil, respectivamente. “Este prêmio é uma homenagem ao meu pai, que veio da Hungria e foi recebido de braços abertos pelo Brasil. A Fundação é uma retribuição de tudo o que o pais fez por ele. Nosso propósito é reconhecer as pessoas que trabalham em favor do Brasil, que se dedicam à busca de soluções que melhorem a qualidade de vida das pessoas. A valorização dos cientistas, que muitas vezes sacrificam a vida pessoal pelo trabalho, é importante para eles, mas também é importante para o país. Se o Brasil pretende chegar ao próximo milênio entre as nações líderes, o país tem que abraçar a educação e tem que desenvolver a sua própria tecnologia”, afirmou Péter Murànyi Júnior, vice-presidente da Fundação Péter Murànyi.
O coordenador do SOS Chuva, Luiz Augusto Toledo Machado, pesquisador do INPE, considerou o prêmio um importante reconhecimento ao trabalho realizado. Ele destacou que o aplicativo é resultado de um esforço coletivo, que envolveu a participação de especialistas de diversas áreas, ligados a diferentes instituições. “De certa forma, este prêmio é um reconhecimento a todos os pesquisadores brasileiros, profissionais que se dedicam ao avanço do conhecimento no país”, acrescentou. Segundo ele, a previsão imediata do tempo ainda é uma área nova na meteorologia, que vem exigindo muita dedicação por parte dos cientistas. “Concluir um projeto como este não é fácil. Por comparação, é como concluir uma ultramaratona”.
Para Ana Ávila, pesquisadora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, foi uma satisfação ter participado do projeto SOS Chuva. “Foi uma experiência incrível, principalmente porque tivemos a chance de transformar o conhecimento em tecnologia que pode ser usada por toda a sociedade. Foi um grande desafio porque a previsão imediata do tempo é extremamente inovadora. Acredito que esse prêmio vai contribuir para a solidificação da meteorologia no Estado de São Paulo”, analisou.
Ana Carolina Maciel, titular da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen) da Unicamp, observou que uma das características marcantes do sistema de centros e núcleos de pesquisa da Universidade é justamente a interface que mantém com a sociedade. “Nós realizamos pesquisas, muitas vezes em parceria com outras universidades e com a iniciativa privada, que resultam em produtos ou processos que trazem benefícios diretos para a população. Nesse sentido, o SOS Chuva é a expressão do nosso potencial de desenvolver soluções que interferem positivamente no cotidiano das pessoas. Por meio do aplicativo, o usuário pode decidir se inicia um plantio, se organiza um churrasco ou até mesmo se evita uma determinada área sujeita a alagamentos ou inundações”.
O pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, Munir Skaf, também ressaltou a importância do prêmio conferido ao SOS Chuva. “Esta premiação mostra o grau de maturidade das nossas instituições. O SOS Chuva é um projeto temático financiado pela Fapesp, que reúne pesquisadores de variadas competências, vinculados a diferentes instituições. Cada vez mais, as nossas universidades e institutos de pesquisas estão descobrindo que, juntos, podemos mais. Outros projetos cooperados e com este sinergismo virão. Quanto à aplicação da tecnologia, ela é fantástica. Trata-se de uma ferramenta que pode salvar vidas. Vale ressaltar que este projeto está tendo continuidade na Unicamp. Estamos trabalhando junto com as prefeituras da Região Metropolitana de Campinas com o propósito de instalar na Universidade um novo radar, que certamente incrementará ainda mais as pesquisas relacionadas à meteorologia”, adiantou.
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