Podem simulações matemáticas ajudar a traçar a história da evolução das espécies no planeta? O professor Marcos Aguiar, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp, acredita que sim e mais de 500 curiosos estiveram na última sexta-feira (3), no auditório do Instituto para ouvi-lo. A palestra é parte do Física para Curiosos, no qual professores da casa falam sobre suas pesquisas para o público geral.
“Quando olhamos para o conjunto de espécies, que são milhões, percebemos somos apenas uma delas. Questionamos qual é o lugar dos humanos nessa diversidade? Qual nossa ligação com tudo isso? De onde viemos? Há quanto tempo nós estamos por aqui? E percebemos que a chance da nossa espécie entrar em extinção, como todas as outras, é muito grande”, afirmou Marcos Aguiar, comentando o grande interesse do público na sua palestra.
De acordo com Pascoal José Giglio Pagliuso, diretor do IFGW, o sucesso do Física para Curiosos, já em seu segundo ano de existência, demonstra o interesse do público geral pelos fenômenos físicos. “O Física para Curiosos é uma iniciativa do Instituto para aproximar o público em geral. Queremos trazer a comunidade para mais perto do Instituto, cativar a todos para os fenômenos físicos que cercam o cotidiano. Esse é o objetivo”, pontuou.
Nesta edição, o professor Marcos Aguiar passou para o público um pouco do seu fascínio pelo tema, a que vem se dedicando nos últimos 10 anos. “É um tema de biologia, não de física. Acabei me envolvendo meio que por acaso e percebi que havia uma forma de tratar o problema usando técnicas e métodos da física”, contou.
Através da transposição do material genético em modelos matemáticos de 0 e 1, que simulam a reprodução sexuada, com suas possíveis recombinações e mutações, Aguiar e seu grupo de pesquisa estudam as possíveis formas de diferenciação das espécies. “Hoje em dia, sabemos que muita dessa informação biológica está contida no genoma, no DNA, que é uma coisa digital. Ele é feito para modelar. Se transformamos essa informação em zeros e uns, é possível simular a evolução de uma população. Passamos, então, a estudar quais seriam os processos que levariam uma espécie a se ramificar em duas ou mais”, explicou o decente.
Para o público de dentro e fora do IFGW que acompanhou a palestra, a explanação de Aguiar foi extremamente estimulante. “O assunto é muito interessante. O trabalho dele interessa muito a biólogos e físicos, não é à toa o auditório estar lotado”, comentou Sergio Lordano, estudante da pós-graduação na área de ótica do Instituto. Para Aline Trevisan, graduanda do curso de Engenharia de Alimentos, a palestra trouxe uma nova visão sobre a evolução da espécie. “Eu sabia que tínhamos um ancestral comum, mas a explicação dele foi fantástica. Eu sempre fui muito curiosa para física, não podia perder esse Física para curiosos”, ressaltou.