Em parceria com a Câmara Municipal de Campinas, a Faculdade de Educação (FE) da Unicamp lançou na terça-feira (21), o Centro de Estudos Africanos e Afro-brasileiros. O Centro pretende reunir e articular pesquisadores, estudantes, professores e movimentos sociais em torno dos estudos das questões raciais e da História Africana e Afro-brasileira. O evento foi realizado no salão nobre da FE e contou com a presença do reitor Marcelo Knobel; dos vereadores Carlão (PT) e Mariana Conti (PSol); das professoras da FE Angela Soligo e Debora Massa; da representante da Secretaria Municipal da Educação, Monica Queiroz; além representantes do movimento negro de dentro e fora da Universidade.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre a FE e a Comissão Especial de Estudos Sobre a Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio,.
De acordo com Ângela Soligo, uma pesquisa inicial realizada a pedido da Comissão identificou lapsos na formação dos educadores. “Professoras e professores alegaram que não estudaram história da África na graduação, nem na pós. Entendemos, então, que havia uma demanda”, contou. Ao mesmo tempo, segundo ela, o grupo avaliou a necessidade um diálogo mais intenso entre a Universidade e a educação no município para avançar no debate. “A ideia do Centro é trazer os movimentos sociais, as educadoras e os educadores, para dialogar e produzir com a gente”, afirmou.
Soligo destacou ainda o caráter interdisciplinar do Centro, que pretende reunir as diversas áreas da Universidade que trabalham com a temática, além de promover novas investigações articuladas. “Muita gente já faz pesquisa ligada à temática na universidade, mas cada um no seu pedaço. O centro tem a perspectiva de agregar, congregar, produzir projetos interdisciplinares, de ser um espaço de promoção da pesquisa, da extensão e da relação com a comunidade”, explicou a professora.
Para o vereador, Carlão, que preside a Comissão, o Centro permitirá que a sociedade se aproprie do que é produzido na Universidade. “Servirá para derrubar esse mito de que Universidade não conversa com a sociedade”, pontuou. De acordo com ele, o Centro poderá “construir a verdadeira história afro-brasileira”. “Para nós do movimento negro é mais uma ferramenta para fazer com que a narrativa dos afrodescendentes aqui no Brasil seja ouvida, para que possamos contar a verdadeira história da contribuição do negro e da negra na construção da cidadania brasileira”, ressaltou.
Para o reitor, a iniciativa vem ao encontro das ações afirmativas em curso na Unicamp e deve ter um papel importante no diálogo com a sociedade. “A expectativa é a melhor possível. Os estudos afro-brasileiros são fundamentais. É importante firmarmos o compromisso da Universidade com a questão”, disse.