O Dia Mundial da Pessoa com Esquizofrenia, 24 de maio, foi marcado pelo segundo evento anual organizado pelo Laboratório de Neuroproteômica do Instituto de Biologia (IB), com uma série de palestras mostrando as dificuldades enfrentadas pelo paciente com esta desordem cerebral e o que pode ser feito para melhorar sua vida. Somente no Brasil, mais de 2,5 milhões de pessoas são afetadas. Elas chegam a perder até 30 anos da vida de maneira improdutiva, tanto do ponto de vista social como econômico. As relações com a família e amigos empobrecem e os medicamentos pouco funcionam para o controle dos sintomas ou da progressão da doença.
“Temos procurado fazer do Dia Mundial de Pessoa com Esquizofrenia um marco também na Unicamp, trazendo um pouco mais de compreensão desta desordem para a comunidade em geral, interna e externa à universidade”, explica o professor Daniel Martins-de-Souza, que coordena o Laboratório de Neuroproteômica. “O objetivo do evento é atrair pessoas interessadas na esquizofrenia por terem um amigo, familiar ou mesmo alguém mais distante com a doença. Os familiares têm boa noção de como a desordem se estabelece e progride, mas não exatamente de como lidar com ela. Esse contato mais próximo com o profissional de saúde também faz com que a doença seja desmistificada, sem o estigma do passado, quando doentes psiquiátricos eram trancafiados no hospital.”
Martins-de-Souza salienta que, hoje em dia, a psiquiatria trabalha para que esses pacientes sejam integrados à sociedade, e que o evento tem o intuito de direcionar as pessoas ao redor sobre como proceder com eles. “Além da parte clínico, queremos mostrar que existe um lado científico envolvido na questão, como é meu caso, que não sou médico e trabalho com bioquímica, estudando como a esquizofrenia funciona do ponto de vista molecular. Integramos os dois aspectos para mostrar às famílias, e por vezes aos próprios pacientes, que está se tentando melhorar o quadro da doença.”
A programação do evento desta sexta-feira, “Possibilidades na vida com esquizofrenia”, incluiu temas como “Psicopatologia e fenomenologia da esquizofrenia”, “Esquizofrenia e o uso de substâncias psicoativas”, “Reabilitação em pacientes com esquizofrenia”, “Diagnóstico psiquiátrico da esquizofrenia” e “Tratamento farmacológico da esquizofrenia”. Alguns destes temas serão abordados mais detalhadamente no Jornal da Unicamp.